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Abel Chivukuvuku: O ‘teimoso’ incansável

Nascido no seio de uma família da realeza culturalangolana (Reino do Bailundo), fisicamente bem-parecido e carismático, Abel Chivukuvuku, que no Dia da Independência Nacional, a 11 de Novembro deste ano, completa 67 anos de idade, é um político comprovadamente resiliente, e tem um único sonho: “ser Presidente de Angola”.

O desejo é antigo, mas passou a torná-lo público após a primeira década do início do século XXI, três anos depois de ter sido derrotado por Isaías Samakuva, na corrida a presidente da UNITA, em 2007.

Embora Samakuva tenha sido a escolha dos militantes, a nível externo da UNITA, uma corrente significativa da sociedade angolana entendia que Abel Chivukuvuku tinha mais aceitação junto da população em comparação a Isaías Samakuva, e por isso mais chances para mandar o MPLA à oposição.

Desde a sua fundação em 1966 até 2002, data que marca a morte de Jonas Savimbi, a UNITA e seus quadros, de forma individual, mantinham influência nas zonas Leste, Sul e CentroSul do País, e tinham uma acentuada dificuldade em penetrar nas regiões Norte, com a excepção da província do Uíge, em parte por conta da propaganda do MPLA, que apontava a UNITA como uma organização composta por pessoas fisicamente anormais e violentas.

Entretanto, a figura de Abel Chivukuvuku, escolhido por Jonas Savimbi para ser o mandatário de sua candidatura às eleições para Presidente de Angola em 1992, contrariou a propaganda. Fisicamente bem-afortunado, Abel Chivukuvuku conquistou a simpatia dos angolanos, que jamais desaparecera. Por exemplo, no conflito pós-eleitoral, Chivukuvuku, que procurava sair de Luanda através de um comboio de viaturas que acabou atacado no Sambizanga, apesar de molestado, saiu com vida por intervenção de um dos atacantes que o protegeu, sublinhando diante dos seus que Abel era de Malanje e que em face disso não merecia morrer naquelas condições. Os seus compatriotas, como,por exemplo, Jeremias Chitunda, então vice-presidente do partido, foram todos dizimados.

Até àquele período, Abel Chivukuvuku tinha apenas 35 anos, e já tinha sido responsável adjunto da UNITA na Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM), órgão vocacionado para a abordagem para a Paz, além de já ter sido director-adjunto dos Serviços de Inteligência da UNITA no período da guerra.

Portanto, diante do seu curriculum e aceitação popular, já no período da paz, sobretudo nos anos 2009 a 2011, muitos cidadãos questionavam a razão de a direcção da UNITA, liderada por Isaías Samakuva, optar por acções que descredibilizavam Chivukuvuku, tendo inclusive o suspendido por 45 dias por alegadamente ter estado por detrás do Grupo de Reflexão, um grupo composto por militantes do topo, que pressionava Samakuva a convocar o congresso de 2011.

O antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos, no túmulo, chegou a confessar, de acordo com o livro da psicógrafa Solange Faria e organizado pelo académico Benja Satula, intitulado Confissões de um Estadista, que o MPLA montou estratégia para travar Abel Chivukuvuku porque com ele na presidência da UNITA, o MPLA sairia do poder “mais cedo”.

Cansado perante a alegada perseguição de que diz ter sido vítima, Chivukuvuku abandonou a UNITA em Março de 2012, tendo concebido a coligação CASA-CE como via para alcançar o seu sonho de ser Presidente da República.

Apesar de ter criado a referida organização política quatro meses antes das eleições, conseguiu eleger oito deputados. Nas eleições a seguir, precisamente em 2017, fez eleger 16 deputados. Entretanto, não conseguiu conquistar o maior número de eleitores para ser eleito Presidente da República.

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