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Netflix perde assinantes

Depois de uma década gloriosa, que levou a Netflix a atingir a marca de 222 milhões de assinantes em todo o mundo, a plataforma enfrenta o seu  primeiro revés.

A comunicação aos accionistas dos resultados do primeiro trimestre de 2022, conforme exigido pela legislação americana sobre companhias listadas, causou impacto imediato na Bolsa de Valores de Nova York.

Entre janeiro e março deste ano foram registrados 200 mil assinantes a menos. E as acções na Nasdaq sofreram um colapso vertical: -27,5% no after market.

Nos últimos meses haviam sido anunciadas expectativas muito mais optimistas, com previsão de crescimento de 2,5 milhões de assinantes até o final do ano.

Mas não são apenas os números do primeiro trimestre que derrubam as acções da plataforma. O que deixou muitos investidores preocupados é a perspectiva para os próximos meses, indicada pela própria Netflix: uma perda ainda maior de assinantes estaria à vista.

Para o final de 2022, a previsão é de 2 milhões de clientes a menos.

Essa é primeira vez desde a sua criação, em 1997, que a Netflix está a perder usuários ao invés de ganhá-los.

Guerra na Ucrânia afectou a Netflix

No momento, a maior empresa do mundo de distribuição de filmes, séries e conteúdo online, comunicou que a desaceleração se deve principalmente à suspensão do serviço na Rússia, por conta das sanções que seguiram a invasão da Ucrânia. Só na Rússia, a Netflix perdeu 700 mil assinantes.

Mas o resultado foi negativo também nos Estados Unidos e no Canadá, onde foram canceladas 600 mil assinaturas.

Mas, além desse elemento, existiriam dificuldades de alcançar novos assinantes. Na sede californiana da Netflix, em Los Gatos, no entanto, os executivos sabem bem que o que poderia ter sido uma desaceleração fisiológica.

A Netflix apresentou a sua primeira série original em 2013, a conclamada House of Cards, e já chegou a produzir 126 séries e filmes originais no ano recorde de 2016.

A sua capitalização na Nasdaq atingiu quase os US$ 300 bilhões em 2021. Por isso, uma contração poderia ser até algo normal.

Entretanto, o medo é que esse poderia ser o sinal do início de um período muito mais sombrio do que os felizes últimos anos.

Cinco causas por uma crise

Além da guerra em curso, há quatro razões para esta crise, algumas delas ligadas entre si.

1) Aumento dos preços

O aumento do preço das assinaturas é talvez o mais concreto e imediato, pois nem todos os clientes aceitaram ou tiveram condição de pagar esse aumento.

As dificuldades económicas de muitos resultaram na renúncia do serviço, já que as circunstâncias actuais, comparadas a alguns anos atrás, oferecem soluções alternativas à Netflix.

2) Fim da pandemia

A pandemia do coronavírus e os lockdowns inevitavelmente aumentaram o número de clientes do Netflix.

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Mas nos últimos meses, com o fim progressivo da emergência sanitária, as pessoas ficaram menos presas em casa, dedicando-se a outras atividades nos tempos livres.

3) Aumento da concorrência

Da mesma forma, o surgimento de plataformas concorrentes como Disney+ e Amazon Prime Video, deram aos usuários maior escolha.

Em ambos os casos, o custo da assinatura é muito menor do que o da Netflix.

No caso da Amazon Prime, a assinatura também inclui frete grátis. Diante de um mercado com uma oferta cada vez mais rica, os concorrentes estão a desmoronar o monopólio que caracterizou a Netflix na última década.

4) Compartilhamento de contas

Os executivos da Netflix culpam  também a prática de compartilhamento de contas pelos resultados negativos.

Segundo eles, além dos 222 milhões de assinantes oficiais, existiriam cerca de 100 milhões de usuários que usariam contas compartilhadas com amigos, parentes e conhecidos.

Um fenómeno que a Netflix já deixou claro que vai acabar o quanto antes.

5) Jovens preferem redes sociais

Por fim, os jovens entre 14 a 25 anos estão investindo muito mais tempo com videogames e consumindo conteúdos no TikTok, Instagram e YouTube do que na Netflix.

E o facto das gerações mais novas estar a mostrar essa tendência é a maior preocupação para o futuro, seja dos accionistas que dos executivos da plataforma.

Isso pois essa leva será a clientela do futuro. E deles vai depender a sobrevivência ou não da empresa.

Por isso, a Netflix já criou uma seção reservada para jogos, sem custos adicionais. Mas ainda não há um diagnóstico claro sobre a eficácia desta opção em termos de assinaturas.

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