O Ex- Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, é apontado como tendo saído em defesa do seu antigo chefe das Comunicações, Leopoldino do Nascimento “Dino”, arguido num processo à volta dos negócios que envolveram a presença do CIF em Angola”.
Segundo a edição de 17 de Outubro do Semanário português Expresso, a partir de Barcelona, onde se encontra a receber tratamento médico desde o ano passado, José Eduardo dos Santos terá telefonado para o Presidente João Lourenço para sair em defesa do general Dino.
“Remeteu para Manuel Vicente toda a responsabilidade”, revelou ao Expresso fonte do Palácio da Cidade Alta.
De acordo com a fonte, ausente de Angola, o antigo presidente da Sonangol é agora cada vez mais apontado como o verdadeiro detentor da “chave” que pode ajudar a descodificar todo o emaranhado criado à volta deste complexo processo.
Antes de viajar para o Dubai, onde recebe tratamento médico, Manuel Vicente, que goza de imunidades especiais até 2022, fez chegar à PGR um documento destinado a esclarecer as suas muitas zonas cinzentas. Muito longe de convencer as autoridades, o documento, segundo apurou o Expresso, revelou-se uma desilusão.
“Mais uma vez não abriu o jogo e, em vez disso, remeteu-nos uma folha cheia de nada”, confidenciou uma fonte governamental conhecedora do processo.
A mesma fonte acrescenta que, recebido por diversas vezes por João Lourenço, este sempre esperou que Manuel Vicente tomasse a iniciativa de avançar com um esclarecimento inequívoco. “O Presidente cansou-se e, se é verdade que Manuel Vicente sabe onde ‘foram enterrados os corpos´, não sei se agora não estará também, ele próprio, a enterrar-se…”, deixou escapar fonte do Palácio.
Ao apontar o dedo à Sonangol, em recente entrevista ao “Wall Street Journal”, pelo desvio de 14 mil milhões de dólares durante o consulado de Manuel Vicente, para muitos observadores o Presidente não poderia ter sido mais claro na escolha do alvo.