Uma empresa ligada ao partido que governa Angola comprou acções da Maersk na Sogester, operadora de terminais portuários em Luanda e no Namibe.
A Gestão de Fundos (GF), um pouco conhecido fundo de pensões angolano pertencente ao MPLA, aproveitou a venda do operador portuário APM Terminals, da gigante marítima holandesa Maersk, para se tornar o único proprietário da joint venture Sociedade Gestora de Terminais (Sogester). A Sogester opera no Porto do Namibe, no Sul, e o terminal II do Porto de Luanda. Até agora, a APM Terminals detinha 51% da operadora, contra 49% da Gestão de Fundos, revela o siteafricaintelligence.com
A GF é propriedade da holding do MPLA, a GEFI, que detém participações em cerca de 60 empresas angolanas. O seu presidente do conselho de administração (PCA) é o empresário Alberto Mendes, membro do comité central do MPLA e filho do ex-governador da província do Bengo, Isalino Mendes. O presidente da Sogester, Francisco Cristóvão, também conhecido como “Chiquinho”, é também membro do comité central do MPLA. Ele dirige uma dezena de empresas da GEFI, incluindo a GAFP – Investimentos e Participações, que faz parte do consórcio de comunicações por via do satélite Infrasat.
O MPLA criou a Gestão de Fundos em 1998 para pagar pensões aos veteranos da guerra civil angolana (1972-2002). Foi feito por meio do fundo de investimentos do partido, Fundação Sagrada Esperança, liderado pelo ex-presidente da Câmara, Roberto de Almeida. A GF gere agora os fundos de pensões da Société minière de Catoca, entidade detida pelo produtor nacional de diamantes Endiama e pela empresa russa Alrosa.
Em Setembro, a APM Terminals anunciou que estava a sair de vários portos do Brasil, Alemanha, Colómbia e Angola. Contactado pela Africa Intelligence, um porta-voz da Maersk sublinhou que a decisão foi tomada “após uma avaliação agendada do seu portfólio”, apesar dos bons resultados da Sogester.
A APM Terminals só opera nos Porto de Luanda e do Namibe desde 2007. O seu gestor de empresa, o holandês Francis Jol, questionou a súbita perda de interesse da Maersk nos continentes africano e sul-americano. A APM Terminals garantiu que continuará a operar os terminais do Namibe e de Luanda, apesar da mudança de propriedade, e que a Maersk continuará a servir os portos angolanos.