A maioria dos jogadores convocados pela Guiné Equatorial que vai participar na Taça das Nações Africanas, a partir de domingo, tem dupla nacionalidade espanhola e são os próprios futebolistas que o admitem: “Sim, somos espanhóis, mas temos ascendência e sentimo-nos guineenses também. Uma coisa não impede a outra”.
Em 2012 e em 2015, a Guiné Equatorial qualificou-se automaticamente para a prova africana de seleções por ser a anfitriã do torneio. Em 2022, a equipa de Juan Michá vai participar no CAN depois de ter ultrapassado a fase de qualificação. É a primeira vez que a seleção participa na prova por mérito próprio.
A edição deste ano decorre nos Camarões, de 9 de janeiro a 16 de fevereiro. A Guiné Equatorial apresentará no torneio uma seleção com 16 jogadores com dupla nacionalidade guineense e espanhola.
Os futebolistas provêm, em grande parte, das ligas de Espanha, apesar de apenas um, Carlos Akapo, jogar no Cádiz, da Primeira Divisão. “Talvez eu esteja na elite, mas ali sou mais um porque todos somos igualmente importantes. Somos uma família, é essa a palavra” afirma o defesa.
O país passou a fazer parte da CPLP em 2014. Mas, como diz Rubén Bellima, internacional guineense e médio do Hércules, “a relação com a Guiné [Equatorial], que durante muito tempo foi colónia espanhola, é óbvia e muitos de nós temos os pais em Espanha”.
“Sim, somos espanhóis, mas temos ascendência e sentimo-nos guineenses também. Uma coisa não impede a outra” diz ao “El País” o avançado Iban Salvador, do Fuenlabrada.
Jesús Owono, guarda-redes do Alavés B, fala do “amor” que os selecionados têm “ao país”, leia-se, à Guiné Equatorial.
Akapo é um dos capitães da equipa africana e admite que o ambiente com a Federação Guineense não é o melhor neste momento. “Decidimos em grupo criar um comunicado assinado por todos e entregá-lo aos dirigentes. Não exigimos nada, apenas pedimos que cuidem de nós. (…) Por vezes fazemos viagens intermináveis com escalas ou ficamos nos aeroportos” lamenta.
Owono pede “simplesmente um pouco mais de respeito” pela seleção guineense com 16 jogadores com dupla nacionalidade espanhola, de um país que, no papel, tem o português como uma de três línguas oficiais (além do espanhol e do francês).