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Saída de Angola da OPEP: “Decisão de sair da OPEP é um tiro no próprio pé”

O Governo angolano anunciou, esta quinta-feira, a saída do país da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A informação foi avançada, esta quinta-feira, pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, à margem da 10.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, que decorreu, em Luanda.

Na visão do economista Wilson Chimoco, foi uma decisão pouco conseguida e “egoísta da parte do Governo de Angola que, especulo, foi muito condicionada com a nova parceria com os EUA”. Na sua visão, Angola “não pode exigir aquilo que não se tem. A OPEP definiu uma quota para Angola de 1,110 mil barris/dia para 2024. Angola queria 1,18 milhões b/d. Mas no OGE2024 o próprio Governo admite produzir apenas 1,060 milhões barris/dia, isto é, a OPEP até fixou uma quota abaixo da produção que o Governo diz ter capacidade de produzir em 2024”.

Para si, o País está a fazer investimentos em novas descobertas e existe a possibilidade da produção vir a estabilizar no intervalo de 1 e 1,2 milhões b/d nos próximos anos. E a decisão da OPEP poderia perigar este objectivo.

“Mas não me parece ser razão suficiente para se perder o respeito com esta atitude que, em termos organizacionais, coloca o País numa posição fragilizada e de pouca credibilidade noutras organização em que País é membro – se saiu na OPEP, pode sar da SADC, pode não cumprir com obrigações com credores”, sustenta. O economista prevê que caso a OPEP decidir não avançar com cortes na produção, Angola será o primeiro a perder. “Porque com as eleições nos EUA em 2024 e com a baixa taxa de aprovação do presidente Biden, os preços poderão cair para baixo dos 60 USD/barril – Os EUA vão começar a inundar o mercado de petróleo a partir de Fevereiro 2024 -. E aí o País vai apanhar dos dois lados – baixa produção e baixos preços”.

Chimoco é de opinião que o pouco investimento que se está assistir vai voltar a cair, pois, os novos projectos de exploração estão a operar com preços de base que garantem TIR acima dos 50 USD/barril.

“ Se a Arábia Saudita decidir contactar os clientes de Angola e vender petróleo abaixo do preço do mercado, apenas vamos conseguir exportar para China por conta das dívidas. Temos que ter calma e aceitar. No momento, a decisão de sair da OPEP é um tiro no próprio pé. Vai agradar os americanos. Mas não vair trazer um dólar a mais para o País com aumento da produção. Pelo contrário, pode mesmo tirar milhões se a estabilidade que o OPEP tem vindo a conseguir com estratégia de corte vir a desmoronar”, concluiu.

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