Silvestre Tulumba Tyihongo Kapose, apontado como um dos maiores devedores do Banco de Poupança e Crédito, é um empresário visto como sobrinho-neto do falecido Kundi Paihama, mas é menos e é mais do que um familiar do general que foi um dos elementos mais poderosos da política angolana dos últimos 50 anos.
Tulumba nasceu em 1981, na província da Huíla. Foi motorista de táxi até que surge, em 2002, como fornecedor de viaturas ao governo da província da Huíla.
Pela mão do então ministro da Defesa Nacional, Kundi Paihama, expande o negócio e fornece automóveis importados ao Estado, especialmente aos ministérios onde o general tem influência. Os negócios dos dois cruzavam-se, directa e indiretamente: nas fazendas, nas empresas que Paihama controlava e que são geridas pelo grupo de Tulumba; no BANC; na Plurijogos. Era difícil perceber onde começavam os interesses de um e acabam os do outro.
A atividade de Tulumba surge, também, envolta em polémica, especialmente por dívidas. É o caso das situações de incumprimento registadas no sistema financeiro, especialmente no BPC e no BANC, o litígio nos Estados Unidos por quebra de contrato num negócio de aquisição e aviões, ou a investigação feita pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP) por causa de salários em atraso a trabalhadores portugueses da Imosul, actual Mercons.
Em contraste, Silvestre Tulumba e a família são conhecidos por exibir luxo, através, por exemplo, do Falcon do grupo que usam para deslocações aos Estados Unidos ou uso de um McLaren e de um Bentley Bentayga em Lisboa.
O empresário, que controla o Banco de Crédito do Sul (BCS), já demonstrou interesse em entrar no BFA e também na Unitel, a qual possui uma posição de 51,9% no banco. O grupo Silvestre Tulumba anunciou, em março deste ano, a criação de um complexo industrial no Kikuxi, em Luanda, através da participada POIBA – Polo Industrial de Bebidas e Alimentos de Angola, Lda.
De acordo com o Rádio Nacional de Angola a unidade será inaugurada em setembro e destina-se a produzir bens alimentares essenciais, tais como massas e óleo. Este tipo de projetos tem sido estimulado pelo Presidente de Angola, João Lourenço, o qual pretende baixar drasticamente a importação de bens alimentares, contribuindo para uma descida da inflação por via de redução dos preços.
A par do grupo Silvestre Tulumba, o cenário da Gemcorp manter o interesse no BFA é traçado por outras fontes. Este grupo com sede em Londres tem uma importante atividade em Angola no financiamento de grandes obras. Já este ano, o fundo negociou com Angola um financiamento de dois mil milhões de dólares (1,92 mil milhões de euros).
A Gemcorp, que começou a fazer negócios no país em 2007, está envolvida, por exemplo, na construção da nova refinaria de Cabinda, reabilitação e expansão das redes de transmissão da Angola Telecom. O fundador da Gemcorp é o búlgaro Atanas Bostandjiev.
O BPI avalia a posição de 48,1% que possui no BFA em 340 milhões de euros. Neste pressuposto, a venda de uma participação de 14,75% poderá render cerca de 100 milhões de euros. Em 2024, o BFA contribuiu com 39 milhões para o lucro de 588 milhões de euros registado pelo BPI.
O BFA ocupa o 39.º lugar entre os 100 melhores bancos africanos, num “ranking” elaborado pela African Business Magazine, sendo o mais bem posicionado entre as instituições financeiras angolanas.