O Presidente da República, destacou o papel financiador das empresas na economia angolana, com realce para a multinacional Gemcorp – com sede em Londres, que mais financiou, num total de 2,4 mil milhões de dólares de 2016 até a presente data.
Segundo João Lourenço, o Estado angolano tem recebido propostas de financiamento de empresas de todo o mundo, muitas das quais não apresentam credibilidade ou têm condições gravosas, enquanto a Gemcorp (sediada em Londres) e a Mitrelli (de origem israelita) têm oferecido financiamentos vantajosos, que não usam o petróleo como colateral, obrigação que foi descontinuada no caso da Mitrelli.
Os investimentos da Gemcorp são sobretudo na área de defesa e segurança, saúde e energia e águas, incluindo projectos de combate à seca, tendo também iniciado a construção de uma refinaria de petróleo em Cabinda.
“Este projecto que a Gemcorp está a executar é um projecto privado, não é um projecto público, o Estado angolano não vai pagar nada nos próximos anos à Gemcorp, esse projecto não constitui divida publica”, disse o chefe de Estado, que realçou o facto daSonangol ter ganho 10% dessa refinaria sem encargos.
Na entrevista concedida a cinco órgãos de informação, entre os quais quatro angolanos (Expansão, TV Zimbo, Jornal de Angola e o País) e à Agência Lusa, João Lourenço falou detalhadamente do relacionamento Estado angolano as empresas Gemcorp, Omatapalo, Mitrelli, Leonor Carrinho que têm sido apontadas como privilegiadas no acesso à contratação pública.
Reduzir a presença do Estado na economia que está demasiado “estatizada” é um dos objectivos que o Executivo persegue, disse João Lourenço, acrescentando que negociou uma linha de crédito de mil milhões de euros com o Deutsche Bank para financiar exclusivamente o sector privado, sendo que apenas Leonor Carrinho “conseguiu provar que está habilitada a aceder a esta linha de crédito” e acrescentou que “é uma vergonha” que mais empresários não recorram a esta linha.
Quanto aos israelitas da Mitrelli referiu que, entre 2012 e 2013, concederam uma facilidade de crédito de sete mil milhões de dólares ao Estado angolano, que foram usados para construir habitação (centralidades) e, mais recentemente, entre 2020 e 2021, financiaram 1,7 mil milhões de dólares para construir a sede da Comissão Nacional Eleitoral, hospitais, habitação, estádios de futebol e o Centro de Ciência e Tecnologia em Luanda.