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Cidadã chinesa reivindica titularidade de activos da CIF Angola

Uma cidadã chinesa habitualmente designada como Madam Lo Fong Hung, reivindica a titularidade de parte dos  activos adquiridos pela  CIF e que foram apreendidos pela PGR.

Segundo o portal Maka Angola, Lo Fong  diz que representa as autoridades chinesas e que foi, a seu tempo, mandatada pelo governo chinês para criar várias empresas como fachada para entrar em Angola.

De acordo com a fonte, a cidadã tem explicitado a entrada dessas empresas em Angola como cumprimento de instruções confidenciais do Partido Comunista Chinês.

Mais declara que trabalharia directamente para o Comité Central do Partido Comunista da China. Explica que a sua acção obedeceu a um interesse explícito chinês para quebrar o padrão estratégico dos Estados Unidos e dos países ocidentais em África e Angola, razão pela qual o Estado chinês teria criado as empresas, de modo a manter o segredo.

A sua missão em Angola teve de ser disfarçada como um empreendimento comercial privado, para não suscitar objecções por parte dos rivais estratégicos da China.

Madam Lo Fong Hung tem feito essas afirmações quer em processos judiciais que estão a correr o seu curso nos tribunais de Hong-Kong em que fez declarações públicas, quer numa reunião de negociações que decorreu em Singapura, a 17 de Maio de 2023, com a directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos da PGR, Eduarda Rodrigues Neto.

Portanto, avança o Maka Angola, a história de Madam Lo modifica o contexto dos  negócios da China em Angola. Atribui ao governo chinês um papel muito mais activo do que se pensaria, através da formação e utilização das empresas privadas para concretizar os fluxos financeiros com Angola. Responsabiliza o seu país e os seus oficiais pela opacidade, possível desvio e apropriação individual de fundos públicos que ocorreu em Angola.

“Se a versão de Madam Lo estiver correcta, torna-se evidente que estamos perante uma questão de Estado – e não um mero caso de polícia –, com implicações legais no pagamento da dívida pública de Angola para com a China”, afiança o portal editado por Rafael Marques.

O China International Fund Limited (CIF) é um fundo privado chinês, com sede em Hong Kong, e um escritório em Pequim. A empresa foi fundada por Sam Pa ou António Sampo Menezes ou Xu Jinghua (que algumas fontes alegam ser o verdadeiro nome do empresário), em 2003, em Hong Kong, com o objectivo de financiar projectos de reconstrução nacional em grande escala e desenvolver infra-estruturas nos países em desenvolvimento, principalmente em África.

Em Angola, participou na construção de vários projectos e detém outros empreendimentos, incluindo uma fábrica de cimento na zona do Bom Jesus, em Luanda.

O CIF Luanda esteve envolvido na construção do Novo Aeroporto Internacional de Luanda, da qual foi afastado em Abril de 2019.

Segundo a publicação inglesa The Economist, o CIF entrou em Angola para intermediar a venda de petróleo nacional por meio da criação da empresa China Sonangol, propriedade da Sonangol e do CIF, pertencente ao conglomerado liderado por Sam Pa, 88 Queensway Group.

Os termos do contrato de intermediação entregue ao CIF nunca foram revelados. Mas fontes indicam que o fundo, por meio da empresa China Sonangol, comprava o petróleo angolano a 55 dólares por barril, desde 2005, enquanto vendia o produto à China pelo preço de mercado, que chegou a estar muito acima dos 100 dólares por barril.

Em troca, o CIF deveria construir diversas infra-estruturas em Angola, como hospitais, barragens e estradas, entre outras. Muitos destes projectos não avançaram ou estão agora sob investigação judicial.

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