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Banco Económico limita clientes à transferência diária de 600 mil kwanzas

Os clientes do Banco Económico que fazem o uso dos canais interbancários EconomicoNet e Multicaixa Express estão limitados a fazer transferência de dinheiro que têm nas suas contas naquele banco comercial. Segundo confidenciaram os funcionários ao Luanda Post, os gestores do banco decidiram que, no máximo, diariamente cada cliente só pode movimentar 600 mil kwanzas por essas duas vias.

A decisão de limitar estes tipos de movimentos bancários aos clientes atropela os regulamentos do Banco Nacional de Angola, mas os gestores do Banco Económico assim decidiram porque o banco tem escassez de liquidez e, também, está em falência técnica desde o exercício financeiro de 2019, detalharam os funcionários bancários. Em 2022, o BNA alargou o montante máximo diário para transferências por cartão, que passa a ser de cinco milhões de kwanzas.

O valor máximo diário de compras em Terminais de Pagamento Automático (TPA) por cartão de pagamento também aumentou, passando a ser de 10 milhões de kwanzas. Deste modo, os clientes do Banco Económico só conseguem levantar diariamente 12% do montante que têm direito, de acordo com o previsto no Instrutivo n.º 12/2021, de 14 de Setembro, que entrou em vigor em Janeiro de 2022.

O banco presidido por Victor Cardoso encerrou o ano de 2023 com resultado líquido negativo de 270,6 mil milhões de kwanzas, equivalente a 327 milhões de dólares, à taxa de câmbio média actual do BNA. É o terceiro maior buraco da história da instituição bancária que nasceu do extinto Banco Espírito Santo Angola (BESA).

A nível daquele que é o sexto maior banco sistémico de Angola, o resultado negativo agora apresentado só é superado pelo prejuízo de 375,3 mil milhões Kz (453 milhões USD) registado em 2020, assim como por aquele que foi o maior rombo da história do banco, ocorrido em 2019, quando as contas no ‘vermelho’ ficaram estimadas em 531 mil milhões Kz (641 milhões USD).

Contas feitas, durante os três anos analisados, o Banco Económico (BE) acumulou resultado líquido negativo de 1,1 bilião Kz, correspondente a 1,4 mil milhões USD. Segundo o balancete de 2023, o banco liderado por Victor Cardoso está em falência técnica, com passivo avaliado em 1,3 bilião Kz (1,6 mil milhões USD), que a propósito é superior ao activo de 908 mil milhões Kz (mil milhões USD). Trata-se, na verdade, de uma situação que se arrasta desde 2019, colocando, neste momento, os fundos próprios na posição negativa de 173,2 mil milhões Kz (209 milhões USD).

O quadro actual das finanças do BE fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI), num relatório sobre as primeiras discussões de avaliação pós-financiamento com Angola (PFA) alertasse o BNA, indirectamente, para encontrar uma resolução rápida e profunda, para se evitar a acumulação de mais perdas operacionais no banco, ao ter mencionado, entre outros detalhes, que há um banco sistémico de menor dimensão que está em reestruturação desde 2014.

Recorde-se que, há um ano e meio, segundo o jornal Expansão, os 40 maiores depositantes, que tinham mais de 5 milhões de dólares depositados no Banco Económico, foram transformados em accionistas. A publicação escreve que os 40 maiores depositantes entraram como fundos de capital de risco, porém a instituição bancária continua com problemas e sem respostas por parte dos accionistas e sem nenhuma decisão do Banco Central.

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