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União Africana pretende lançar a sua própria agência de notação de crédito em 2024

A União Africana (UA) tenciona lançar uma nova agência africana de notação de crédito no próximo ano, para dar resposta às preocupações da organização relativamente ao que considera serem notações injustas atribuídas aos países do continente.

“A agência, que fará a sua própria avaliação dos riscos dos empréstimos aos países africanos, terá a sua sede no continente”, disse Misheck Mutize, perito principal da União Africana para o apoio às agências de notação.

Também acrescentará contexto à informação que os investidores consideram quando decidem comprar obrigações africanas ou conceder empréstimos privados a países, informou a Reuters.

De acordo com o portal de notícias 360 Mozambique, o perito da União Africana referiu que já existe um interesse substancial por parte do sector privado em contribuir para a implementação desta iniciativa.

As notações de crédito continuam a ser uma ferramenta muito influente que os investidores utilizam na afectação do seu capital. O sector da notação de crédito em África é dominado pelas três agências internacionais: Moody’s, S&P e Fitch.

Em conjunto, controlam cerca de 95% da actividade de notação de crédito a nível mundial.

Mas a UA, juntamente com os líderes dos países-membros, tem afirmado, em diferentes ocasiões, que as notações globais das três grandes agências de notação não avaliam correctamente o risco de empréstimo aos países africanos.

Algumas das críticas prendem-se com o facto de as agências serem rápidas a desvalorizar os países africanos, mas lentas quando são necessárias actualizações.

Outras queixas incluem a consulta inadequada das partes interessadas e a percepção de falhas na independência e objectividade.

No entanto, as três agências de notação refutaram as alegações de parcialidade e afirmam que as suas metodologias de notação são coerentes.

Ravi Bhatia, analista principal da S&P para as notações soberanas, disse recentemente à Reuters que a agência aplica os mesmos critérios de forma consistente em todas as regiões.

Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, realizado em Abril, revelou que os países africanos poderiam poupar até 74,5 mil milhões de dólares se as notações de crédito se baseassem em avaliações menos subjectivas, citando como exemplo as “idiossincrasias” na frequência das acções de notação dos países africanos.

Misheck Mutize explicou que a nova agência foi um impulso para mudar a narrativa.

“O nosso objectivo não tem sido substituir as três grandes agências… precisamos delas para apoiar o acesso ao capital internacional.

O nosso objectivo tem sido alargar a diversidade de opiniões”, afirmou Misheck Mutize, enfatizando que “sabemos que as três grandes seguem a opinião de outras agências de notação mais pequenas, pois reconheceram que outras agências de notação mais pequenas têm uma vantagem na compreensão da dinâmica interna.”

Os ministros das Finanças da UA aprovaram uma resolução durante o Verão para aprovar o plano da nova agência, um esforço liderado pelo Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAAP), um ramo da UA criado no ano passado para melhorar a governação em todo o continente.

Espera-se que o Conselho Executivo da UA adopte a mesma resolução em Fevereiro do próximo ano (2024).

De acordo com o perito principal da União Africana, a agência será auto-financiada e dirigida pelo sector privado, com supervisão da UA.

“Os investidores têm-se mostrado bastante positivos. Querem ver qual será o resultado desta iniciativa. Qualquer investidor presta atenção a qualquer coisa que lhe traga informação”, frisou.

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