Yevgeny Prigozhin, o líder do grupo Wagner, tem protagonizado os momentos mais importantes da ofensiva russa na Ucrânia. Este sábado, deixou a Rússia em alerta vermelho ao declarar a revolta contra o país e, mais diretamente, contra o Ministério da Defesa. Mas quem é o rebelde que, pelas palavras do presidente Vladimir Putin, deu “uma facada nas costas”, à sua pátria, mas que acabou por retirar inesperadamente?
O fundador do grupo paramilitar é descrito como um homem implacável, sem vergonha e sem lei, escreve o The New York Times. Tem 62 anos e nasceu em São Petersburgo, antiga Leningrado, a mesma cidade-natal do presidente russo.
Visto como polémico e pouco consensual, Prigozhin é um dos rostos mais marcantes no que concerne ao conflito na Ucrânia, sendo um facto incontornável que, devido à sua liderança, a Rússia conseguiu grandes avanços em solo ucraniano.
O líder dos mercenários começou a ter ainda mais destaque na Midia depois de fazer duras críticas ao Ministério da Defesa, quando denunciou as significativas perdas do seu exército na cidade ucraniana de Bakhmut. Em causa estaria o facto de não serem enviadas armas e munições suficientes para os combates naquela zona. Recorde-se que Bakhmut é uma das cidades com mais sangue derramado desde o início da invasão.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, Prigozhin é conhecido há décadas como “o cozinheiro de Putin”. Esta alcunha deve-se à empresa de catering que possui e ao contrato que esta tem estabelecida com o Kremlin.
Nos anos 80, o líder do grupo paramilitar esteve preso por nove anos por roubo e furto. Quando saiu em liberdade, começou a vender cachorros quentes na sua cidade-natal. Ao longo dos anos começou a ganhar popularidade e a crescer na indústria da alimentação. Atualmente, é um magnata e um dos nomes mais influentes na Rússia. De notar que a relação com Vladimir Putin foi fulcral para a ascensão de Yevgeny Prigozhin.
Grupo Wagner foi fundado em 2014
Segundo a CNN Internacional, o homem de 62 anos transformou-se em combatente em 2014, aquando dos movimentos separatistas apoiados pela Rússia em 2014 no Dombass, Leste da Ucrânia. O grupo Wagner foi criado nesse mesmo ano.
As tropas da Wagner já estiveram, entretanto, na Síria, Líbia, Venezuela, Sudão, República Centro-Africana, Mali e na Ucrânia.
Durante algum tempo, Yevgeny Prigozhin negou a associação aos mercenários, mas, em 2022, acabou por assumir que fundou o grupo e que estava a lutar pela Rússia em solo ucraniano.
A guerra na Ucrânia teve início a 24 de fevereiro de 2022, faz hoje um ano e quatro meses. O conflito já teve diferentes narrativas e, na atualidade, marca-se pela revolta do grupo paramilitar contra o próprio país. O chefe da Wagner acusou o Ministério da Defesa de atacar as suas tropas e anunciou o desejo de derrubar a liderança militar de Moscovo.
Putin classificou as ações de Yevgeny Prigozhin como uma “traição” e prometeu “penas” severas. “A nossa resposta vai ser dura. Vamos fazer tudo para proteger a Rússia. Todos os que pegarem em armas contra o exército [russo] são traidores. Estamos a tentar proteger a nossa pátria”, disse o líder russo.
O líder do grupo Wagner reagiu às declarações do presidente da Rússia e garantiu que os seus combatentes não pretendiam render-se.
“No que diz respeito à traição à pátria, o Presidente enganou-se profundamente. Somos patriotas. Lutámos e lutamos (…) e ninguém pretende entregar-se por exigência do Presidente, do Serviço de Segurança Federal ou de quem quer que seja”, afirmou no Telegram.