Carlos Mota dos Santos vai ser, a partir de 1 de fevereiro, “chairman” e CEO da Mota-Engil, grupo que no final de 2022 terá atingido um volume de negócios na ordem dos 3,6 mil milhões de euros e uma carteira de encomendas “histórica”, entre 13 e 14 mil milhões.
O grande desafio que tem pela frente não é, assim, o do crescimento, mas antes o de conseguir a rentabilidade a que o grupo se comprometeu no plano estratégico 2022-2026.
No “Building 26”, apresentado em novembro de 2021, a Mota-Engil definiu um conjunto de metas para estes cinco anos. Em 2022, o objetivo de reforçar a sua dimensão, elevando a faturação para mais de 3,8 mil milhões de euros até 2026 , ficou praticamente cumprido pela comissão executiva liderada por Gonçalo Moura Martins. Mas vários outros desígnios assumidos no documento são agora responsabilidade de Carlos Mota dos Santos concretizar.
Desde logo, o gestor tem de reforçar o contributo dos negócios fora da área da construção – como sejam ambiente, concessões e mineração –, que em 2026 terão de pesar 55% no EBITDA e 65% no resultado líquido. Uma meta que se tornou agora mais difícil, com o sucesso da estratégia comercial que resultou numa carteira de encomendas recorde na construção.
Mas é pela via do maior contributo dos negócios não construção – que têm maior rentabilidade –, que o grupo quer conseguir gerar mais liquidez, o que lhe vai permitir atingir um segundo objetivo: a melhoria dos rácios da dívida. Em 2020, o rácio da dívida líquida face ao EBITDA estava em 3,3 vezes, em julho do ano passado desceu para 2,6 vezes, mas a ambição para 2026 é de que recue para menos de duas vezes.
O desafio da rentabilidade da Mota-Engil passa ainda pela aposta no aumento da dimensão média dos seus oito mercados “core” – Portugal, Polónia, Angola, Moçambique, México, Peru, Brasil e Nigéria –, assim como pela eficiência e redução de custos, que segundo fixou o plano estratégico, será de 50 milhões de euros por ano. Até 2026, o foco de próximo CEO é em alcançar um resultado líquido equivalente a 3% do volume de negócios, o dobro dos 1,5% atuais.
Carlos Mota dos Santos nasceu no Porto a 13 de maio de 1978. Após a licenciatura em engenharia civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, assumiu funções técnicas na empresa da família, onde conta agora com um percurso de mais de 20 anos.
Os negócios do grupo levaram o filho único da irmã mais velha de António Mota a viver na Polónia e é quando regressa a Portugal que assume um lugar na administração da Mota-Engil Engenharia a Construção (o nome da construtora em Portugal).
É sob a liderança de Jorge Coelho que, em 2012, se torna o primeiro elemento da terceira geração da família a entrar no conselho de administração e na comissão executiva da holding. E é também com a estratégia então definida pelo ex-ministro socialista, para a diversificação geográfica do negócio, que é encarregue do desenvolvimento da atividade na América Latina, com a aposta em países como México, Brasil e Colômbia.
O gestor, que é hoje vice-CEO, ocupa ainda um lugar na administração na Mota-Gestão e Participações, a holding da família, e lidera a Mota-Engil América Latina, a Mota-Engil Engenharia e Construção e a Mota-Engil Ambiente e Serviços, entre outros cargos.
Ainda um desconhecido para muitos, reservado e institucional, o sobrinho de António Mota tem agora o desafio de assumir um lugar que nos últimos 15 anos foi ocupado por Jorge Coelho e Gonçalo Moura Martins. A liderança executiva do grupo está de volta à família Mota e de entre os 10 elementos da terceira geração o legado foi-lhe entregue.
A coesão acionista, familiar e com o investidor de referência China Communications Construction Company – que detém 32,41% do grupo –, é outra função que lhe é confiada. Mas Carlos Mota dos Santos esteve desde a primeira hora ligado ao novo parceiro, já que estava com António Mota na visita oficial do Presidente da República à China, altura em que o grupo português assinou o memorando de entendimento com a CCCC, na altura apenas para uma parceria estratégica em projetos conjuntos.
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