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Ministro zambiano demite-se após polémica de corrupção nas redes sociais

O ministro zambiano dos Negócios Estrangeiros, Stanley Kakubo, demitiu-se depois de um polémico vídeo nas redes sociais em que teria sido alegadamente apanhado a receber altas somas de dinheiro das mãos de um empresário chinês, noticiou hoje a imprensa local.

Kakubo ainda não negou ter estado no vídeo, mas reclamou que estava a ser alvo de “alegações maliciosas sobre uma transacção comercial” e que se demitiu para que o governo “não se distraísse” com a controvérsia.

O vídeo mostra dois homens sentados junto a uma mesa a contar o dinheiro cuidadosamente empilhado, em dólares americanos e kwachas zambianos.

Os seus rostos não são visíveis, mas o facto gerou um frenesi de especulações nas redes sociais de que os homens eram Kakubo e um empresário chinês.

Algumas pessoas questionaram por que não foi feita uma transferência bancária e se os impostos foram pagos após a transacção.

Imagens não verificadas de notas manuscritas assinadas também surgiram nas redes sociais, fazendo menção a 100 mil dólares americanos que foram “trocados” entre uma empresa mineira zambiana e outra chinesa.

Numa outra nota, datada de 8 de Julho de 2022, fala-se mum valor total de 200 mil dólares americanos.

Na sua carta de demissão, Kakubo não contestou a autenticidade do vídeo ou das notas manuscritas, limitando-se a insistir que estava ser vítima de “alegações maliciosas” sobre uma transacção comercial entre sua empresa familiar privada e “nosso parceiro de negócios com quem ainda mantemos boas relações”.

“No devido tempo, forneceremos o contexto preciso em torno dos desenvolvimentos recentes”, disse Kakubo, segundo o site de notícias Lusaka Times.

O Presidente da República, Hakainde Hichilema, aceitou a sua demissão, dizendo que reconhecia o “trabalho e liderança louváveis” de Kakubo durante o tempo em que esteve no seu governo.

Esta é a segunda vez que Kakubo se encontra no centro da controvérsia.

No ano passado, foi acusado de receber suborno depois de ser flagrado a sair do escritório de uma empresa de cimento de propriedade chinesa com uma pasta.

Ele negou qualquer irregularidade e Hichilema saiu em sua defesa, dizendo ter recebido um calendário e uma agenda.

As empresas chinesas têm grandes investimentos na Zâmbia.

Segundo a Embaixada chinesa, em Lusaka, mais de 600 empresas chinesas investiram acima de três mil milhões de dólares americanos, na Zâmbia, em 2022.

Kakubo é o primeiro ministro forçado a renunciar desde que  Hichilema assumiu o cargo, em Agosto de 2021.

Desde o início do seu mandato, Hichilema prometeu combater a corrupção, mas a oposição acusa-o hoje de visar injustamente os seus opositores.

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