Das “mãos” do Estado angolano e de outros patrocinadores a Federação Angola de Futebol conseguiu angariar para os seus cofres pouco mais de 2,6 mil milhões de kwanzas. Documentos em posse do Luanda Post apontam que o auditor independente arrasa elenco federativo por insuficiência de informações no seu relatório e contas de 2021.
Dados do relatório e contas de 2021 da Federação Angolana de Futebol (FAF), liderada desde Dezembro de 2016 pelo empresário Artur Almeida e Silva, evidenciam que naquele ano a FAF contraiu uma dívida superior a 314 milhões de kwanzas, que no presente momento representa 1,6 milhão de dólares norte-americanos).
O valor do passivo contraído é superior ao ano anterior, pois o órgão que rege o «desporto¬ rei» em Angola encerrou 2020 com uma dívida avaliada em 1,1 mil milhões de kwanzas, qualquer coisa como 1,4 milhão de dólares.
Na sua fundamentação, a FAF exibe no presente relatório que só com fornecedores tem um calote de 127 milhões de kwanzas, devendo, igualmente, 34,1 milhões de kwanzas aos trabalhadores. Para com o Estado angolano o documento nas «mãos» do Luanda Post aponta que a dívida da Federação em 2021 ficou avaliada em mais de 254,3 milhões de kwanzas e mais de 514 milhões Kz a outros credores. Uma vez que o documento ilustra que os activos da FAF em 2021 ficaram na ordem dos 32,4 milhões de kwanzas, à semelhança de 2019 e 2020, a Federação está praticamente numa situação de falência técnica, porque os seus activos estão muito abaixo do passivo.
Ainda no que diz respeito aos resultados, a própria instituição destaca que teve um prejuízo de 375 milhões de kwanzas. FEDERAÇÃO RECEBEU MAIS DE 2,6 MIL MILHÕES KZ EM APOIOS Em 2021, para o apoio das suas actividades, a Federação Angolana de Futebol recebeu mais de 2,6 mil milhões de kwanzas.
Do consórcio de empresas com capitais públicos, nomeadamente SODIAM, ENDIAMA e a SONANGOL, orientadas pelo Presidente da República, João Lourenço, no sentido de financiarem o Campeonato Nacional de Futebol da primeira divisão, mais conhecido por Girabola, juntas, estas três instituições disponibilizaram para os cofres da FAF mais de mil milhões e 675 milhões Kz.
A Federação Internacional do Futebol Associado (FIFA), actualmente tutelada pelo advogado suíço-italiano Gianni Infantino, em 2021, surge da lista como o segundo maior patrocinador das actividades da FAF, tendo doado mais de 422,3 milhões de kwanzas. Já do Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD), a FAF de Artur Almeida e Silva recebeu em 2021 cerca de 324 milhões de kwanzas, no âmbito do apoio das actividades das selecções nacionais que são da tutela daquele departamento ministerial.
Da Confederação Africana de Futebol (CAF), a FAF teve um apoio de mais de 140 milhões de kwanzas, ao passo que de outros emolumentos, a federação de futebol conseguiu em 2021 contribuições que ascendem a 46,2 milhões de kwanzas.