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Empresário Eugénio Neto, o maior devedor do falido BESA

O empresário Eugénio Manuel da Silva Neto, é identificado nos documentos internos do banco como o maior devedor do banco, com créditos superiores, em linguagem financeira, a “um bi”.

Segundo relatos recentes da imprensa portuguesa, o empresário tinha uma dívida de 1 533 mil milhões de dólares.

Segundo à revista visão, em 2016, os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) da PGR portuguesa, pediram ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para o manterem sob “vigilância discreta” no aeroporto, procurando até, informalmente, recolher informações sobre futuras estadas em Portugal.

De acordo com a fonte,qQuando, no dia 13 de novembro de 2016, o empresário aterrou em Portugal, o SEF comunicou ao Ministério Público que o mesmo iria ficar alojado no Hotel Ritz, em Lisboa, e também num apartamento, em Miraflores, Algés, até ao dia 20. E foi no hotel que Eugénio Neto foi notificado para se apresentar no DCIAP, onde esteve no dia 18 de novembro de 2016, acompanhado por Paulo Von Hafe, advogado do escritório de Ana Bruno, cujo telefones móvel e fixo chegaram a estar sob escuta no início da investigação.

Um dos primeiros problemas durante a inquirição de Eugénio Neto foi a identificação dos reais titulares das empresas por si criadas e representadas junto do BESA. Porque, como o próprio descreveu aos procuradores, nem todas as empresas em causa eram suas, até porque um dos seus negócios era, precisamente, criar sociedades, “para muita gente”.

Um negócio que assentava numa lógica simples: “Chapa dez: certificado de admissibilidade, estatuto, limitada ou S.A., representantes, escritura, legalização, registo comercial, alvará”, descreveu.

Uma das sociedades em causa, a Govest, criada a 10 de maio de 2006, foi beneficiária de 291,7 milhões de euros em transferências. Quem era o dono? – perguntou uma das procuradoras. “Não quero falar de coisas que não posso. Não quero ser chamado de traidor…”, começou por responder Eugénio Neto para, em seguida, acrescentar mais uma explicação: “Não quero ser aqui snitch [bufo], a ‘snitchar’ coisas que não devo, tenham em conta isso.”

Já antes, e perante várias insistências dos magistrados, Eugénio Neto evitou revelar os nomes dos reais beneficiários de muitas das empresas das quais era procurador/representante e que beneficiaram de crédito do BESA: “Sou eu, sou eu. E não sou testa de ferro”, respondeu, suplicando aos magistrados para não o colocarem numa “situação difícil”.

Os créditos concedidos pelo BESA liderado por Álvaro Sobrinho – a quem são imputados vários crimes de abuso de confiança agravado (alguns dos quais em coautoria com Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e Hélder Bataglia) e de branqueamento de capitais – foram agrupados num ficheiro designado como “Grupo E.N.”, do qual faziam parte também empresas de negócios pessoais do empresário angolano.

Eugénio Neto tem um passado ligado a Portugal. Estudou no Liceu de Oeiras, fez Medicina e uma pós-graduação em Medicina Interna no Hospital Pulido Valente e estreitou ligações de amizade com o empresário Hélder Bataglia, o “irmão branco”, descreveu-o – também acusado de um crime de abuso de confiança, além dos crimes em coautoria com Álvaro Sobrinho –, com quem se encontraria, ainda antes da chegada do BES a Angola (2011), na ESCOM, a primeira presença do grupo naquele país.

A ESCOM começaria por apostar na mineração, mas “correu mal”, explicou Eugénio Neto, que ocupou vários cargos na empresa do Grupo Espírito Santo: consultor, consultor especial e vice-presidente do conselho estratégico.

A empresa, financiada pelo BES, avançou com uma parceria com um dos gigantes da mineração mundial, a russa Alrosa, mas esta “fez o estudo de viabilidade de um projeto, fazendo copy e paste de outros”. Resultado: “Errou nas contas. Onde se pensava haver reservas para 40 anos, havia só para sete, oito”, declarou o empresário angolano aos procuradores. E o dinheiro evaporou-se.

Mas o importante, como realçou a testemunha, era a presença do Grupo Espírito Santo (GES) no país e na mineração. “Por orientação superior”, acrescentou. “A presença do GES na mineração ajudou a estancar o êxodo de grandes empresas do setor”, concretizou Eugénio Neto, referindo que, após a guerra civil e a assinatura do acordo de cessar-fogo entre o MPLA e a Unita, a 18 de março de 2002, Angola precisava de investimento estrangeiro.

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