O primeiro-ministro de Israel usou o poder de “forma ilegítima” para favorecer “assuntos pessoais”, disse hoje o Procurador Geral Liat Ben-Ari no âmbito do processo de corrupção que visa o chefe do Executivo.
As declarações de Liat Ben-Ari decorreram no Tribunal do Distrito de Jerusalém na presença do primeiro-ministro.
Benjamin Netanyahu “usou de forma ilegítima o ‘grande poder’ governamental que lhe foi conferido para obter benefícios injustificados por parte de proprietários de grupos de comunicação social importantes em Israel para fazer avançar pessoais”, afirmou o Procurador Geral.
Netanyahu, 71 anos, 15 dos quais no poder, deixou o tribunal após as declarações do procurador e antes de começarem a ser ouvidas as primeiras testemunhas.
“Mentiroso, nós zelamos pela democracia”, lê-se nos cartazes dos manifestantes que se concentram hoje frente ao edifício do tribunal e que pedem a demissão do primeiro-ministro.
Os mesmos protestos têm-se repetido todos os sábados frente à residência de Benjamin Netanyahu.
Algumas dezenas de apoiantes do primeiro-ministro também se encontram frente ao tribunal.
Primeiro chefe de Governo da história de Israël a enfrentar acusações criminais durante o seu mandato, Netanyahu é acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos, acusações que sempre rejeitou.
Enquanto o Procurador Liat Ben-Ari expõe a acusação contra o primeiro-ministro, o chefe de Estado de Israel, Reuven Rivlin, inicia, a poucos quilómetros da sala de audiências, as discussões com os vários líderes partidários o futuro político do país.
O Likud, partido de direita a que pertence o primeiro-ministro, venceu as últimas legislativas – as quartas eleições gerais em dois anos – tendo eleito 30 deputados dos 120 que compõem o Knesset.
Mesmo assim, o resultado combinado com os aliados de direita não garantiu a maioria de 61 lugares necessária para a formação de um governo estável.
Assim, aparentemente as várias formações partidárias decidiram pôr fim a 12 anos de coligações e alianças com o Likud.