A nova comissão eleitoral de Myanmar (antiga Birmânia), nomeada pela junta militar responsável pelo golpe de estado, invalidou esta sexta-feira os resultados das eleições legislativas realizadas em novembro passado, ganhas pelo partido da líder Aung San Suu Kyi.
O presidente da comissão eleitoral renovada, Thein Soe, declarou durante uma reunião com representantes políticos em Naipyidó, capital do país, que os resultados eleitorais estão oficialmente “anulados”, segundo o jornal local “The Irrawaddy”.
As alegadas irregularidades nas eleições de novembro passado deram uma vitória por maioria absoluta ao partido de Suu Kyi, com 83%, e foram o motivo alegado pela junta militar para levar a cabo o golpe em 1 de fevereiro.
O primeiro a denunciar a fraude foi o Partido da União para o Desenvolvimento e Solidariedade (USDP), formação criada pela anterior junta militar antes de ser dissolvida.
Nenhum dos observadores internacionais que monitorizaram o processo validou as acusações de fraude dos militares.
O golpe militar, no dia 1 de fevereiro, atingiu a frágil democracia de Myanmar, depois da vitória do partido de Aung Sang Suu Kyi nas eleições de novembro de 2020. Os militares tomaram o poder alegando irregularidades durante o processo eleitoral do ano passado, apesar de as autoridades eleitorais terem negado a existência de fraudes.
Desde então, milhares de pessoas têm-se manifestado contra o golpe militar, sobretudo na capital económica, Rangum, e em Mandalay, a segunda maior cidade do país, e cinco pessoas já morreram nos protestos.
Nas últimas três semanas, os generais birmaneses têm intensificado o recurso à força para enfraquecer a mobilização a favor do regresso do Governo civil, com milhares de pessoas a descerem às ruas em desfiles diários.
Desde a sua detenção na manhã de 1 de fevereiro que Aung San Suu Kyi não é vista em público.