O ex-líder dos Jovens Patriotas marfinenses cuja absolvição foi pronunciada pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, expressou o desejo de regressar ao seu país. Ele espera que as autoridades da Costa do Marfim lhe facilitem um passaporte, para que ele possa voltar, animado pela vontade de diálogo.
Depois da sua absolvição pelo Tribunal Penal Internacional, por crimes contra a humanidade, o ex-líder dos Jovens Patriotas da Costa do Marfim, ligado ao antigo presidente Laurent Gbagbo, que tembém esteve preso na Haia, afirmou numa entrevista ao canal de televisão francês, France 24, que aguarda um gesto de boa vontade por parte das autoridades marfinenses, para que ele possa regressar ao seu país.
A semelhança do seu antigo mentor, o ex-presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, Charles Blé-Goudé, de 49 anos, foi definitivamente absolvido pelo Tribunal Penal Internacional no dia 31 de Março de 2021.
Goudé foi, não obstante, condenado à 20 anos de prisão pela justiça marfinense por cumplicidade de assassínio, no âmbito dos acontecimentos que marcaram a crise pós-eleitoral de 2010-2011, que provocou a morte de 3000 mortos na Costa do Marfim.
O também antigo ministro da Juventude, declarou na sua primeira entrevista, desde que foi absolvido pela instituição de Haia, que a Costa do Marfim precisa de todos os seus filhos, destacando o facto que ele não deseja, nem ao seu pior inimigo o que ele passou, nos últimos sete anos da sua vida.
“ O que nós passamos nos últimos tempos, eu não o desejo, nem ao meu pior inimigo. Estou feliz , como um homem livre.
Foram sete anos de minha vida, atrás das grades.
Ser apresentado ao mundo inteiro, como criminoso, durante sete anos. E no final declaram que você é inocente.
O Tribunal Penal Internacional acabou connosco, mas não me parece que entre mim e o Tribunal Penal Internacional tudo acabou.
Eu vou regressar à Costa do Marfim. Se há um único marfinense que ficou chocado com as minhas palavras, que se sentiu ultrajado, magoado por qualquer supostamente meu, eu peço perdão.
O julgamento terminou, agora é o passado. Não vamos voltar a falar disso. Agora devemos olhar para o futuro . E avançar, significa ir ao encontros dos outros com os quais houve desentendimentos, para voltarmos a dialogar.
Eu vou regressar à Costa do Marfim, porque constitui a base da paz.
Não disponho de um passpaorte. Vou contactar as autoridades do meu país e tenho fé que elas o vão me facilitar “.
(Charles Blé-Goudé. Haia 01 de Abril de 2021)
Charles Blé-Goudé, informou ter entregue, há várias semanas, à embaixada da Costa do Marfim,na Haia, os seus documentos para obter um passaporte.
Goudé tinha fugido da Costa do Marfim após a crise pós-eleitoral de 2010-2011, que terminou com a proclamação da vitória de Alassane Ouattara e a detenção do presidente Laurent Gbagbo.
Ele foi preso em 2013, no Gana, e em seguida transferido para a jurisdição do Tribunal Penal Internacional, na Haia, onde já estava detido Gbagbo.
Tanto Goudé como Gbagbo foram absolvidos em Janeiro de 2019. Ambos aguardavam, um na Holanda(Haia) e o outro na Bélgica (Bruxelas) o veredicto definitivo, sobre o recurso apresentado pela procuradora do Tribunal Penal Internacional.
O recurso contra a absolvição dos dois dirigentes marfinenses, foi definitivamente negado pelo Tribunal Penal Internacional.
Charles Blé-Goudé expressou o desejo de um dia, vir a liderar os destinos da Costa do Marfim.