O governo angolano planeia exportar 32,65 milhões de barris de petróleo em maio, o valor mais baixo desde o princípio de 2008, quando a Bloomberg começou a compilar os dados destes carregamentos petrolíferos internacionais.
“Angola planeia reduzir as exportações de crude para 1,05 milhões de barris por dia em maio, de acordo com o manifesto preliminar de carga”, reporta a agência de informação financeira.
No artigo, a Bloomberg salvaguarda que “se os volumes não foram revistos em alta no manifesto final, o que acontecerá mais para o final do mês, as exportações de maio serão as mais baixas desde o início de 2008”.
As exportações preliminares previstas para maio revelam uma queda para 1,05 milhões de barris diários, num total de 32,65 milhões de barris, o que compara com a média de 1,22 milhões de barris por dia previstos para exportação em abril, ou seja, 36,6 milhões de barris.
O declínio na produção petrolífera angolana desde 2015, quando chegou a ser o maior produtor da África subsaariana, para agora, em que bombeia pouco mais que a Líbia, mostra o efeito devastador da redução do investimento feito pela indústria petrolífera, acrescenta-se noutro artigo da Bloomberg que analisa a importância do petróleo para Angola.
A produção caiu mais de um terço desde 2015, quando as companhias petrolíferas internacionais começaram a cortar no investimento para compensar a descida dos preços, e apesar dos esforços do Governo para estimular a atividade, apenas alguns poços estão em funcionamento nas águas profundas do Atlântico, as que têm os maiores recursos.
A situação pode piorar ainda mais com o corte adicional de despesas que as maiores petrolíferas estão a programar, o que suscita a possibilidade de a Nigéria, o maior produtor da região e um membro importante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), seguir o mesmo caminho, com implicações sérias para a estabilidade económica da região.
“A África Ocidental está numa luta difícil para competir” pelo investimento escasso, considerou a analista principal da Wood Mackenzie, uma consultora no setor da energia, para a região.
“Quando se compara o lucro com outras paragens petrolíferas, a Nigéria não compensa, e Angola também não”, sentenciou Gail Anderson.
Desde novembro que a produção de petróleo em Angola se tem ficado pelos 1,2 milhões de barris diários, menos do que, por exemplo, a produção da Líbia, cuja indústria petrolífera ainda está dilacerada pelo conflito dos últimos anos.
O país tem tentado abrandar o declínio através de um esforço abrangente que inclui a criação de um regulador e a modernização da petrolífera estatal, Sonangol, para além do lançamento de novas licenças de exploração, e negociou com as companhias a possibilidade de produzir “um bocadinho mais” nos poços existentes, segundo o ministro do setor.