O anúncio da venda do Banco de Comércio e Indústria (BCI), através de leilão em bolsa dirigido a um número reduzido de candidatos pré-qualificados, levanta questões sobre a transparência do negócio.
Em declarações ao Valor Económico, Flávio Inocêncio, jurista e professor universitário, considera que “o instrumento correcto” para a venda deste activo do Estado seria uma Oferta Pública de Venda (OPV) para todos os potenciais investidores e não a um reduzido
número. “Vejo aqui uma confusão de instrumentos jurídicos.
Uma OPV não é um concurso limitado, por isso não concordo com esta solução”. “Se era para dispersar o capital em bolsa, porquê um leilão?”, questiona.
Sobre o facto da privatização que será feita através de leilão em bolsa, o jurista alertou para o facto de a Bodiva ter “pouca liquidez” e “essencialmente” negociar dívida pública.
Já o economista Leão Perez, considera que a venda de 100% das acções em bloco indivisível tem os prós e contras. A vantagem, refere, é que poderá haver maior solidez na governação corporativa. Mas nota que, com a dispersão de capitais, o controlo é
mais equilibrado, ou seja, “não há sobreposição de uma única vontade”.
Sobre a viabilidade do negócio, segundo Perez, que já exerceu funções na administração do banco, só a avaliação patrimonial pode dizer. “Se o valor da venda for superior ao valor patrimonial tem valia. Normalmente, quando se coloca à venda um determinado bem, é sempre na perspectiva de ter mais-valia, ninguém vai vender para ter prejuízo. Espero que assim seja”, sublinha.
Detido pelo Tesouro Nacional (98,92%), Sonangol, Ensa, Porto de Luanda e Taag (com 0,19% cada um), Endiama,Tcul, Cerval, Angola Telecom (0,08%cada um) e pela Bolama (0,01%), o BCI foi constituído em Agosto de 1991 e está presente nas 18 províncias do país.