O lucro do Banco BPI foi multiplicado por quatro no primeiro semestre deste ano, com a melhoria do resultado em Portugal, mas também com a ajuda de Angola, revela o Expresso.
“No primeiro semestre de 2021 o BPI registou um lucro consolidado de 185 M.€ (vs. 43 M.€ no semestre homólogo de 2020)”, segundo o comunicado de resultados publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Na operação em Portugal, o banco detido pelo CaixaBank obteve um resultado líquido de 84,4 milhões de euros, comparável aos 6,5 milhões alcançados no período homólogo.
Houve menos imparidades de crédito – no ano passado, houve uma constituição significativa com o receio da covid-19 –, o que deu um contributo positivo de 73 milhões.
Já a nível de negócio, o BPI em Portugal teve um crescimento de 11,5% do produto bancário para 350 milhões, dinamizado por mais margem financeira (subiu 3,2%, com maior concessão de crédito) e por mais comissões (aumento de 11%, seja em crédito, seja em fundos, seja em seguros).
Os custos caíram 0,6% para 216,8 milhões, sobretudo com o alívio nos encargos com o pessoal, muito pelas saídas de pessoal no ano passado. Mesmo assim, no primeiro semestre, foram cortados 60 postos de trabalho (havia 4 562 trabalhadores em junho) – “saíram 97, mas entraram 37, o que quer dizer que o banco está a fazer a sua renovação”, explicou o CEO. Houve, no semestre, uma diminuição de 36 balcões (para 386 agências).
Já na actividade internacional, Angola ajudou o lucro consolidado a multiplicar por quatro. “O contributo da participação no Banco de Fomento Angola para o resultado consolidado foi 92 M.€ (que inclui os 40 M.€ do dividendo de 2020 e 50 M.€ da distribuição de reservas reconhecidos em resultados)”.
“Foram duas operações em concreto que contribuíram para este aumento. O primeiro, com um dividendo ordinário, de 2020, de 40 milhões de euros, que já foi pago 52% desse mesmo valor, e esperamos em breve receber o restante; e também distribuição de reservas livres, correspondente quase a 80 milhões de euros”, explicou o CEO do banco na conferência de imprensa que se realizou esta sexta-feira, 30 de julho, em Lisboa.
“O BFA é um banco muitíssimo robusto, com uma atividade robusta, com uma atividade comercial em Angola muito estável, com rácios de capital muito acima de qualquer outro banco angolano” e foi por isso que os acionistas quiseram a distribuição desta remuneração. A remuneração acionista chegou ao BPI, com 48,1% desta instituição angolana, embora o Banco Central Europeu continue a pressionar o BPI para reduzir a sua posição.
Assim, o contributo das operações africanas, não só do BFA, mas também do moçambicano BCI, foi de 101 milhões de euros no primeiro semestre, face aos 36 milhões de um ano antes.