Aung San Suu Kyi, que de facto chefiava o Governo birmanês, está em prisão domiciliária em Naypyidaw desde o golpe militar de 01 de fevereiro.
A ex-líder de 75 anos, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1991, está a ser processada por uma série de acusações que podem impedi-la de exercer o poder novamente.
“Aung San Suu Kyi foi mais uma vez acusada com base na Lei de Gestão de Desastres Naturais”, disse o seu advogado Min Min Soe à agência de notícias AFP, após uma audiência em Naypyidaw, onde a líder compareceu através de videoconferência.
Aung San Suu Kyi, que já tinha sido acusada com base na mesma lei em meados de fevereiro, “está a ser acusada seis casos no total, cinco em Naypyidaw e um em Rangum”, acrescentou o seu advogado, indicando que a ex-líder do país parecia estar bem de saúde.
A acusação mais grave que pesa sobre Aung San Suu Kyi foi a imputada em 25 de março, de ter violado a lei sobre segredos de Estado da época colonial.
A ex-líder também está a ser processada por ter importado ilegalmente ‘walkie-talkies’, por “incitar distúrbios públicos”, por recebido mais de um milhão de dólares e 11 quilos de ouro em subornos, mas ainda não foi indiciada por “corrupção”.
Se for considerada culpada, enfrentará longos anos de prisão, correndo o risco de ser banida da vida política.
Os militares estão a reprimir, cada vez mais, o movimento pró-democracia que levou nas últimas semanas milhares de birmaneses às ruas e greves em muitos setores da economia.
As manifestações quase diárias para exigir a libertação de Aung San Suu Kyi e o retorno da democracia são reprimidas com violência pelas forças de segurança.
De acordo com os dados da Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), a repressão deixou já 701 mortos desde 01 de fevereiro. A junta militar deu conta de 248 mortos.
Cerca de 3.000 pessoas foram presas, de acordo com a AAPP.