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BPC só vai gerar lucros em 2023

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) espera começar a obter lucros ou resultados positivos apenas a partir de 2023, estimou, hoje, a Administração do maior banco público do país, que enfrenta nesta altura os desafios de recapitalização e reestruturação.

Até 2022, o banco, que entrou há sensivelmente dois anos num processo de reestruturação, prevê registar ainda resultados negativos, calculados em 330 mil milhões de kwanzas (AKZ).

O BPC caiu nesta situação difícil devido a sua carteira de crédito malparado estimada em 1.4 biliões de kwanzas. Os seus activos actuais, maioritariamente em títulos do tesouro, estão avaliados em AKZ 1.14 biliões.

Do total do crédito malparado, o banco vendeu 80%, cerca de 951 mil milhões de Kwanzas, à empresa Recredit, ficando apenas sob sua responsabilidade a recuperação de 20 por cento do valor total, estimado em AKZ 560,2 mil milhões.

O processo de recuperação dos créditos do BPC iniciou neste mandato do Presidente João Lourenço (desde 2017). Em 2019, o banco recuperou AKZ 49,5 milhões e, em 2020, 16,5 mil milhões de kwanzas – um valor muito aquém do esperado, influenciado negativamente pela pandemia da Covid 19, segundo o administrador Cláudio Pinheiro Macedo.

Num encontro realizado hoje com a classe jornalística, para tornar público os projectos de recuperação do banco, o administrador Cláudio Pinheiro Macedo informou que a salvação do BPC, da actual situação deficitária e de quase falência, passa por cortar postos de trabalho, reduzir a rede e postos de atendimento em todo o território nacional, assim como vender activos e participações em empresas.

Redução da força de trabalho

Assim sendo, o banco vai cortar, até 2022, mais de dois mil postos de trabalho, dos cinco mil e 200 existentes. A previsão é manter empregado pelo menos três mil e 163 trabalhadores, que passarão por um processo de avaliação e capacitação, a fim de responderem às necessidades de melhoria da actividade e imagem do banco, há muito desgastada.

O processo de redução da força de trabalho, segundo o administrador Cláudio Pinheiro Macedo, prevê várias modalidades, entre as quais a rescisão de contrato por mútuo acordo, reformas antecipadas a quem tenha 56 anos de idade ou 31 anos de serviço.

Até Janeiro deste ano foram cortados já 473 postos de trabalho, cerca de 22,5% do total de colaboradores, e espera-se, no final deste trimestre, pelo menos uma cifra de 545 pessoas que deixarão o banco, em consequência do encerramento de agências.

O novo Conselho de Administração, em funções há 18 meses, decidiu igualmente cortar serviços acessórios como limpeza, manutenção e segurança que oneram a actividade do banco.

Dentro dos cortes do pessoal efectivo está igualmente incluído, a redução das estruturas organizativas, isto é, a redução de 71 para 52 directores.

Rede comercial e serviços centrais

Mais de 130 unidades poderão ser encerradas, até final de 2022. Entre elas, 34 agências, 97 postos de atendimento e oito centros de empresas.

Com o encerramento dessas unidades, o BPC espera reduzir despesas de arrendamento, avaliadas em 530 milhões de kwanzas, cerca de 15% dos custos totais do banco. Além das agências, 73 unidade de negócios também serão encerradas.

Venda de activos e participações

No domínio imobiliário, o assessor José Matos disse que o BPC vai arrancar, já neste semestre, com a venda dos primeiros 40 imóveis via leilão “on-line”. Para concorrer, os interessados deverão recorrer à plataforma digital da empresa.

Ainda nesta área, o BPC Imobiliária precisa de injecção de capital muito grande, pois não tem autonomia financeira.

Quanto às participações, o banco tem 13 empresas e destas somente cinco possuem viabilidade por terem algum proveito. Algumas das participações não saíram do papel, outras estão em situação de falência.

Em bolsa, o banco vai alienar as participações financeiras nas empresas ACREP (uma petrolífera) e na AMUSE.

Concessão de crédito

Segundo o administrador Victor Cardoso, o Banco de Poupança e Crédito continua a conceder os créditos “BPC Salário” e o “Crédito Família”, porém só retornará ao “crédito normal” quando o banco voltar a um estágio regular.

O gestor justificou que a capitalização que o banco obteve, através da entrada do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) na sua estrutura accionista, é em títulos do tesouro e não em dinheiro.

O IGAPE entrou na estrutura accionista da referida instituição financeira com 163,7 mil milhões de kwanzas em títulos, mas a realizar cerca de AKz 396,1 mil milhões.

Quanto às fraudes, o administrador Cláudio Pinheiro Macedo informou que da fraude de AKZ 180 milhõesforam recuperados 150 milhões de kwanzas e que dos outros 430 milhões, conseguiu mais de metade deste valor.

Por outro lado, disse que remeteram aos serviços de investigação criminal mais de 100 casos que estão em instrução processual.

Em relação ao sistema informático actual do Banco de Poupança e Crédito, os gestores referiram que está desactualizado e que é o único banco que funciona com tal sistema (não especificou).

Disse que o sistema é muito lento a actualizar os dados de movimentação bancária, e que tal situação, só será ultrapassada em 2022, com o novo sistema que poderá ter um custo de mais de 12 milhões de Euros, tendo em conta os agregados exteriores.

O Estado angolano, representado pelo Ministério das Finanças, o Instituto Nacional de Segurança Social  (INSS), a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (CSS/FAA) e o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) são os  accionistas do Banco de Poupança e Credito, no quadro do plano da sua Recapitalização e Reestruturação já aprovado em Conselho de Ministros.

Texto: ANGOP

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