O grupo Mitrelli, detentor de 49% das acções da Net One, pretende acompanhar a MS-TELECOM, subsidiária da Sonangol, na saída da estrutura accionista da empresa de telecomunicações que a petrolífera avalia em 12,7 mil milhões Kz, revela o Jornal Expansão.
Segundo a fonte, a empresa faz parte de um conjunto de quase 200 activos que o Estado pretende alienar no âmbito do Programa de Privatizações (ProPriv).
Apesar de não revelar quanto vale esta empresa onde a MS-TELECOM (detida em 100% pela Sonangol), o relatório e contas da Sonangol relativo ao ano de 2019 refere que os 51% de participação indirecta que a petrolífera tem nesta empresa tem um valor bruto de 6.484 milhões Kz.
Contas feitas pelo Expansão, revelam que a Sonangol avaliava a Net One em 12.713 milhões Kz. No entanto, nesta fase da economia do país este valor será “excessivo”, admite uma fonte ligada ao processo.
De acordo com o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), a Net One registou uma quebra de 34% na sua facturação em 2020 face ao ano anterior, ao passar de 1.135,1 milhões Kz para 748,4 milhões.
“Nos últimos anos, o negócio tem vindo a decrescer, devido à falta de investimento para expansão da cobertura da rede, e devido à mobilidade populacional em localidades onde a Net One não possui sinal. Temos vindo a registar uma perca da carteira de clientes significante, que vão para a concorrência por falta dos serviços da Net One”, revela o Instituto que gere os activos do Estado a questões levantadas pelo Expansão.
Contrariamente ao que estava inicialmente previsto no ProPriv, em que o modelo de alienação da empresa deveria passar por um concurso público, agora os 51% que pertencem ao Estado serão vendidos por via de Concurso Limitado por Prévia Qualificação (CLPQ), em que apenas as empresas qualificadas são convidadas a apresentar uma proposta na sequência da avaliação da sua capacidade técnica e financeira. Isto porque o estatuto de sociedade contempla ao grupo Mitrelli o direito de preferência em caso de saída da MS-TELECOM. Ainda assim, o Expansão apurou que o grupo do israelita Haim Taib, que ao longo dos anos tem ganho milhões com negócios com o Estado angolano (incluindo nesta fase da Covid-19 com negócios na área da saúde), já comunicou ao Estado que pretende sair da estrutura accionista da Net One.