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Tanzânia não tem planos de vacinação

Desde junho de 2020 que a Tanzânia se declara um país “livre de covid” por determinação do presidente, John Magufuli. O país não publica há vários meses estatísticas sobre o surto, não tem qualquer plano de vacinação e não tem como prática corrente fazer testes à população.

Mas o efeito real da pandemia neste país da África Oriental é muito diferente daquele que as autoridades locais tentam aparentar. Foi o que apurou um repórter da BBC, Dickens Olewe, esteve com uma família tanzaniana de luto pela morte do pai, que uma semana depois de chegar do trabalho, com tosse seca e perda de paladar, foi encaminhado ao hospital onde acabou por morrer em poucas horas, sem sequer ser testado à covid-19.

Várias famílias da Tanzânia tiveram experiências semelhantes, “mas não se manifestam temendo a retaliação do governo”, segundo constatou o jornalista britânico.

“É quase impossível avaliar a verdadeira extensão do vírus e apenas um pequeno número de pessoas tem permissão oficial para falar sobre o assunto”, destaca a BBC, enfatizando que no meio da “negação” das autoridades da Tanzânia haverá muito mais vítimas do surto que não são contabilizadas, e à semelhança desta família muitas outras pessoas “lamentam silenciosamente a morte de parentes suspeitos de terem o vírus”.

O presidente da Tanzânia continua a defender que o país está livre de covid-19. Juntamente com outros altos funcionários do governo tem descredibilizado a eficácia das máscaras, duvida que os testes funcionem e critica os países vizinhos que impuseram medidas sanitárias para conter o surto.

Magufuli também tem dito publicamente que as vacinas contra a covid-19 podem ser prejudiciais, e os tanzanianos não dever servir “como cobaias”. “Se o homem branco conseguiu vacinar, já deveria ter encontrado uma vacina para a sida, o cancro e a tuberculose”, tem repetido Magufuli, que assumidamente declara ser contra “o imperialismo ocidental”.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE TENTA INCENTIVAR VACINAS NO PAÍS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma estar a fazer esforços para o país africano começar a vacinar a população. “As vacinas funcionam e encorajo o governo da Tanzânia a preparar uma campanha de vacinação contra a covid”, disse à BBC Matshidiso Moeti, diretor da OMS para África, acrescentando que a organização está pronta a apoiar o país nesta campanha.

Mas a ministra da Saúde da Tanzânia, Dorothy Gwajima, que é uma acérrima defensora das posições assumidas pelo presidente Magufuli relativamente às vacinas, frisou que o país tem “o seu próprio procedimento sobre a forma de receber qualquer tipo de medicamentos”.

A ministra da Saúde fez estas declarações numa conferência de imprensa que decorreu esta semana, onde um oficial do governo demonstrou como fazer um ‘smoothie’ usando gengibre, cebola, limão e pimenta, bebida que disse ajudar a prevenir o coronavírus.

“Devemos melhorar nossa higiene pessoal, lavar as mãos com água corrente e sabão, usar lenços, vapor de ervas, exercícios, comer alimentos nutritivos, beber bastante água e usar remédios naturais de que nossa nação é dotada”, salientou este oficial do governo.

Mas vários médicos na Tanzânia discordam da postura do governo. “O problema aqui é que o governo está dizendo aos tanzanianos que a mistura de vegetais, que tem benefícios nutricionais, é tudo de que precisam para manter o coronavírus sob controle, o que não é o caso”, disse um médico local, sob anonimato, à BBC, acrescentando ser essencial que a população tome precauções contra o vírus.

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