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Futebol angolano: “Bem-Vinda Crise !

Angola está a passar por uma das maiores crises económicas da sua história e como todos  sectores, o futebol também tem sido fortemente afectado por isto. No entanto, esta crise  tem igualmente o seu lado positivo.

A imprensa especializada, a título de exemplo,  tem realçado temas que infelizmente fazem parte da realidade futebolística angolana e que actual conjuntura veio agravar ainda mais. Casos de salários em atraso, dividas com  atletas, treinadores e tudo aquilo que pode derivar da falta de dinheiro dos clubes para honrarem os seus compromissos .

Diante desta a situação, de um tempo a esta parte, os principais clubes do país, mais do que lamentar, passaram a olhar para dentro de casa, apostando em jovens jogadores angolanos. Ou seja, uma situação que apesar de não ser planeada, talvez tenha obrigado uma mudança de mentalidade de alguns dos responsáveis do nosso futebol, alertandos-os para a existência de mão de -obra nacional com valor, e bem mais barata do que muitas “ importações”que habitualmente são efectaudas no início de cada época. Aliás, lembrar a quantidade de futebolistas expatriados contratados, de qualidade duvidosa, vindos de todos cantos, no tempo das vacas gordas.

Emblemas como Recreativo do Libolo, Kabuscorp do Palanca e Interclube, apenas para citar estes, ignoravam, praticamente, os reforços oriundos dos escalões de  formação, apostando fortemente na matéria-prima estrangeira, mas que nem sempre eram mais-valias.

No  entanto, coincidência, ou não, a verdade é que nos últimos quatro anos, surgiram nos planteis principais de vários clubes do Campeonato Nacional de Futebol da 1ª. divisão, diversos jogadores angolanos provenientes dos escalões de formação.

Jovens estes que provaram que, se tiverem as devidas oportunidades, poderão ser um investimento bem mais lucrativos do que alguns negócios que têm envolvido o ingresso de jogadores estrangeiros.

São vários os atletas angolanos que em ano de estreia no Girabola têm tido um papel importante nos desempenhos competitivos mais ou menos positivos das suas equipas na competição. Destes saltam à vista nomes como Show, transferido do 1º de Agosto para os franceses do Lille, actualmente emprestado ao Boavistade Portugal,  depois da estreia com as cores do Belenenses no campeonato luso.

Herenilson, que trocou Petro de Luanda pelos militares do rio seco, tornando-se numas das transferências mais caras no defeso em 2020.

Além, forjado no Real Sambila, com passagem pelo Progresso do Sambizanga e actualmente  a representar o Petro de Luanda.

Zito Luvumbo (1º de Agosto), que chegou acordo com os italianos de Cagliari, tido como uma das maiores promessas do futebol angolano.

Vá, formado no Real Sambila, com passagem pelo “ tricolor“, actualmente no Chipre e Nsanzani,  Simão, guarda-redes, de regresso ao “rubro negro”, resultado da excelente participação ao serviço do  Académica do Lobito. Sem esquecer, claro, Picas, médio ofensivo do Petro de Luanda, uma agradável surpresa na presente edição do Girabola.  São exemplos que provam que a formação pode dar o seu fruto proveitoso, desde que haja oportunidade para brilharem nas suas equipas.

Esta análise tem como base três indicadores: São todos jovens jogadores, com idades compreendidas entre os 17 e 22 anos e todos eles são internacionais pela Seleccção sub-12, Selecção sub -20 e Seleccção A.

Hoje por hoje, a aposta é transversal à grande maioria dos clubes do Girabola. A lógica não foi apenas seguida por clubes com maior dificuldades financeiras e que lutam pela manutenção, como Santa Rita de Cássia , Académica do Lobito, Ferrovia do Huambo mas também por emeblemas que lutam pelo título e que supostamente estão mais desafogado financeiramente  como 1º de Agosto, Petro e  Interclube.

Todavia, espera-se que  a atenção em atletas imergentes seja para ficar e não apenas em tempo de crise e tenha continuidade por muitos mais anos, podendo ser adaptada por número cada vez maior de clubes.

As vantagens na aposta de jovens     

Os clubes terão menos custos com a construção dos plantéis . Geralmente os salários pagos aos atletas nestas idades são mais reduzidos  e os valores envolvidos nas aquisições deste tipo de jogadores são muito  mais baixos. E há mais: os jovens sentem-se mais motivados para melhorar a sua capacidades, já que existem reais hipóteses de verem a sua qualidade reconhecida. Por outro lado, os “ Palancas Negras “também poderá retirar os seus dividendos desta aposta, já que o selccionador terá muito mais por onde escolher.

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