O Presidente da Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, mantém habitualmente contactos telefónicos com o líder da UNITA Adalberto da Costa Júnior, iniciados por sua própria iniciativa.
Segundo informações postas a circular a partir do ocidente, Embaló manifesta a Costa Júnior o “prazer” de o receber em Bissau.
A aproximação de Sissóco a Costa Júnior, é vista como “natural” no plano de uma política de distanciamento cultivada pelo mesmo em relação a partidos de outros países, em especial os dos países africanos de língua oficial portuguesa por ele considerados “irmãos” do PAIGC.
A Newsletter África Monitor, revelou recentemente que a aproximação à UNITA é equivalente ao que fez em Cabo Verde com o MpD, hostilizando ao mesmo tempo o PAICV.
De acordo com informações fiáveis, a aproximação de USE a ACJ foi igualmente favorecida pela política de apoio do MPLA e do governo angolano a Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, na contestação dos resultados das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, ganhas pelo próprio USE.
Os alinhamentos do MPLA com o PAIGC, incluindo prestação de ajudas materiais, decorrem do “dever” de apoiar “partidos históricos”, categoria que o MPLA aplica a si próprio.
Há indicações de que a actual aproximação de USE a ACJ é também vista apreensivamente pelo regime angolano, porquanto poderá vir a abrir à UNITA as portas de países influentes de África e do Golfo, Nigéria e Arábia Saudita, entre outros, nos quais USE goza de boa aceitação.
A USE é conhecida uma rede significativa de contactos, acumulada no passado através de uma ligação ao Fundo Líbio para o Desenvolvimento – veículo do ex-líder líbio Muamar Kadafi para mover influências junto de Governos regionais – e, mais recentemente, como PM, durante último mandato do ex-PR José Mário Vaz.
Há um ano no poder, Sissoco Embaló, durante a sua campanha teve o apoio de Miclet Vincent, um empresário francês que fez fortuna em Angola devido às ligações que teve com os generais Dino e Kopelipa.
Quem são os patrocinadores de Umaro Sissoco Embaló
No início de janeiro, foi na companhia do empresário franco-israelita Philippe Hababou Solomon, um rosto familiar nos palácios presidenciais da África Ocidental, que o presidente da Guiné-Bissau fez uma visita aos seus homólogos senegaleses e congoleses, Macky Sall e Denis Sassou Nguesso.
Segundo o Africa Intelligence, o avião em que os dois viajaram era frequentemente fretado por Salomon para as suas viagens pelo continente.
No Congo, adianta o Africa Intelligence, Denis Christel Sassou Nguesso e Claudia Sassou Nguesso, dois filhos do presidente congolês, participaram do encontro com Embalo.
Posteriormente, o líder guineense continuou o seu périplo pelo Chade, Marrocos e Quênia, embora desta vez em um avião colocado à sua disposição pela Nigéria. Como o líder nigeriano Muhammadu Buhari,Embalo é muçulmano e peul e concentrou toda a sua campanha presidencial nesta herança gêmea.
De acordo com a fonte, quando foi primeiro-ministro de 2016 a 2018, o novo presidente frequentemente voava em aviões fretados por empresas privadas.
Richard Talbot, o fundador da empresa de logística Getma (agora Necotrans, ele fez inúmeras viagens em aviões alugados pela empresa de Talbot.
Na verdade, foi a Necotrans quem pagou a viagem da seleção da Guiné-Bissau ao Gabão para a Copa das Nações Africanas (CAN) em 2017. Os jogadores de futebol voaram a bordo de um avião pertencente à Global Jet, a empresa com sede em Mônaco, de propriedade de Mike Savary. A nota fiscal substancial ainda está nos livros da agência Necotrans Sénégal, que foi assumida pela Bolloré em 2018. Também foi Richard Talbot quem apresentou Embalo a outro de seus principais contatos, o empresário Vincent Miclet.
Talbot e Miclet eram parceiros em Angola no terminal logístico 5M (um dos ‘M’s para Miclet) e mantiveram contacto até a morte de Talbot em 2013.
Desde então, Miclet, que hoje em dia divide seu tempo entre Marrocos e Venezuela, mantém uma forte ligação à Embalo.
O empresário francês tem uma casa de luxo no distrito de Alto Bandim, na capital Bissau, e também negociou uma concessão perto do porto para a construção de um depósito de combustível.
Um elo final na rede continental do novo presidente, e de modo algum o menos importante, é a
Líbia. Embalo foi por muitos anos protegido de Bashir Saleh, o “Sr. África” do falecido líder líbio Muammar Gaddafi,e se beneficiou de seu apoio financeiro.
Na verdade, foi graças à Líbia que Embalo obteve o seu posto militar: ele arranjou para o falecido presidente da Guiné-Bissau,
Malam Bacai Sanha, uma vi asita Gaddafi na sua tenda e em troca foi promovido a general pelo antigo chefe de estado-maior do exército Antonio Indjai.