A Pensana, com sede em Londres, conta com o apoio de uma das maiores gestoras de activos do Reino Unido e do fundo soberano de Angola para construir uma refinaria de terras raras na Inglaterra.
Segundo alourado, a M&G Investment Management, que tem 342 mil milhões de libras sob gestão, e o fundo angolano com cerca de 3 mil milhões de dólares estão a investir mais de 10 milhões de dólares para aumentar as suas participações respectivas na Pensana para 13% e 23%, informou a empresa em comunicado à imprensa.
A Pensana começou a construir uma usina de US$ 195 milhões em Saltend, no porto de Hull, no nordeste da Inglaterra, que seria alimentada com minério de uma mina avaliada em US$ 305 milhões, localizado no município do Longondjo, província do Huambo.
A refinaria seria uma das poucas desse tipo fora da China se começasse como planeado em 2026. “Esse investimento adicional reflecte a sua confiança na nossa estratégia e perspectivas de crescimento, e somos gratos pelo seu compromisso contínuo”, disse o presidente da Pensana, Paul Atherley, no comunicado.
O facto de a M&G e o FSDEA também terem solicitado o direito de participar de quaisquer futuros aumentos de capital, “é um claro endosso de nosso negócio”, realça.
Angola, membro da OPEP, deseja diversificar a sua economia dominada pelo petróleo, enquanto Pensana e M&G veem oportunidades no crescente mercado de metais na transição para a energia verde.
Além disso, o Reino Unido está entre os países ocidentais que investem bilhões para desalojar a China do seu domínio da indústria de minerais críticos.
A Pensana recebeu financiamento do Fundo de Transformação Automotiva de £ 1 bilhão da Grã-Bretanha.
O neodímio-praseodímio (NdPr) que Pensana extrairia em Angola é utilizado para fabricar ímanes em motores de veículos eléctricos.
A empresa tem uma parceria com a montadora Polestar, que é controlada pela Volvo, agora parte da Geely, propriedade do bilionário chinês Li Shufu.
O novo investimento, dividido igualmente entre os dois investidores, segue-se a um investimento de US$ 4 milhões da M&G em dezembro e de £ 10 milhões no ano anterior.
O Fundo Soberano de Angola detinha 23% da Pensana em abril de 2021, mas não ficou claro de imediato quanto tinha investido ou como a sua participação mudou nos últimos dois anos para se situar agora nos 23%.
O projecto de exploração de terras raras combina a mina a céu aberto e a planta de processamento no Reino Unido tem um valor líquido de US$ 2,2 bilhões a uma taxa de desconto de 8% para uma taxa interna de retorno de 52%, de acordo com um relatório da empresa em outubro.
A vida útil da mina é estimada em cerca de 20 anos, produzindo 1,5 milhão de toneladas de minério anualmente e 40.000 toneladas de sulfetos de terras raras mistas (MRES) por ano para a refinaria de Saltend.
A sua produção está prevista em 12.500 toneladas por ano de óxidos de terras raras totais (TREO), incluindo 5.000 toneladas de NdPr.
Angola, o quarto maior produtor de diamantes em valor, hospedaria a mina proposta no município do Longonjo.
O local fica a 5 km de uma estrada principal e da histórico Caminho de Ferro de Benguela, que liga o Atlântico à Zâmbia e que a China recuperou por bilhões de dólares em empréstimos garantidos pelo petróleo há cerca de seis anos.
Os custos operacionais em Longonjo seriam de US$ 127 milhões por ano ou US$ 3.943 por tonelada de MRES. Saltend custaria US$ 59 milhões por ano ou US$ 6,40 por kg de TREO e US$ 17 por kg de NdPr para operar.
O local da mina proposta de 31 quilómetros quadrados tem reservas comprovadas e prováveis de 30,1 milhões de toneladas com 0,6% NdPr, 2,6% TREO para 166.000 toneladas contidas NdPr e 747.000 toneladas contidas TREO, de acordo com uma estimativa de setembro de 2022 feita de acordo com o código de mineração australiano.
