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Kanye West em queda livre após discurso de ódio e desta vez não há quem o salve

Ye, como Kanye West passou a ser legalmente conhecido depois de alterar o seu nome de batismo, perdeu as plataformas de discurso de ódio, o apoio das Kardashians, os contratos que lhe enchiam os bolsos e a advogada.

Para tentar controlar os danos das últimas semanas, o rapper contratou a advogada que salvou Johnny Depp, Camille Vasquez, um acordo que durou… menos de uma semana

“Depois de Ye multiplicar os comentários no fim de semana, Camille deixou-o. A firma de advogados [Bro

wn Rudnick] ainda o queria representar mas com a condição de ele retratar-se, o que não fez – então Kanye demitiu-os”, contou uma fonte ao ‘The New York Post’. Perder os representantes legais foi só a ponta do iceberg.

Não se pode dizer que Kanye West seja uma personagem discreta. Pelo contrário, a sua vida tem sido recheada de histórias e de projetos megalómanos – que incluem a vontade de se candidatar a presidente dos Estados Unidos. Isto para não falar no balado relacionamento com a celebridade televisiva Kim Kardashian.

Entre perdas e ganhos, o rapper conseguiu manter-se sempre no topo, graças ao seu talento. Até agora…

A grande polémica que está a mudar a sua vida e a emagrecer substancialmente a conta bancária começou no início do mês de outubro no desfile da marca Yeezy na semana de moda de Paris, em que Kanye West apresentou as camisolas com a frase “white lives matter” (vidas brancas importam), a mesma frase utilizada por movimentos supremacistas brancos desde 2015 em resposta ao movimento contra o racismo “black lives matter” (vidas negras importam). Não demorou para começarem a circular as críticas às novas criações do designer.

“Estou com um pouco de sono esta noite, mas quando acordar vou ativar ‘death con 3’ no povo judeu“, escreveu, supostamente referindo-se ao termo militar “defcon 3”, um dos cinco níveis de ameaça à segurança de um país.

“O mais engraçado é que eu na verdade não posso ser considerado anti-semita porque os negros são judeus. Vocês também brincaram comigo e tentaram jogar a bola em qualquer um que se opôs à sua agenda”, afirmou ainda. O tweet foi retirado pela rede social e a conta suspensa. O Instagram também suspendeu a conta do rapper temporariamente, mas voltou a dar acesso na quarta-feira, 26, à noite.

Nos dias seguintes, Kanye começou a sentir no bolso as consequências dos seus comentários de ódio.De acordo com a ‘Billboard’, as audiências do rapper nas rádios caíram 21,4% nos oito dias a seguir os comentários anti-semitas. Famosos revoltaram-se com as declarações e pediram um boicote aos negócios de Kanye e a 21 de outubro chegou a primeira resposta de uma marca. 

A Balenciaga que tinha acabado de lançar uma nova colaboração com Kanye West, para a coleção de verão 2023, cortou laços com o criador. “A Balenciaga não tem mais nenhuma relação ou planos futuros com este artista”, disse o grupo Kering num breve comunicado. O anúncio foi seguido da declaração de Anna Wintour, diretora da Vogue norte-americana, de cortar laços com o músico. 

Um documentário finalizado sobre Kanye West teve o seu lançamento cancelado pela MRC Entertainment, anunciou a produtora a 24 de outubro. “Esta manhã, após uma discussão dos nossos cineastas e parceiros de distribuição, tomamos a decisão de não distribuir o nosso documentário recém-concluído sobre Kanye West”, escreveram os diretores da empresa, Modi Wiczyk, Asif Satchu e Scott Tenley, num comunicado. “Não podemos apoiar nenhum conteúdo que amplifique a sua plataforma.” 

“Kanye é produtor e ‘sampler’ de música”, continuaram. “Na semana passada, fez um ‘sampler’ e um ‘remix’ de uma música clássica que está a tocar há mais de três mil anos: a mentira de que os judeus são maus e conspiram para controlar o mundo para obter lucros”, disseram ainda os responsáveis, citados pela ‘Billboard’.

Uma das maiores agências de talentos de Hollywood, a CAA, que representava o músico há 10 anos, também o deixou, noticiou a CBS. Não houve declaração da empresa mas as maiores agências concorrentes apressaram-se em pedir publicamente um boicote a Kanye. O diretor executivo da Endeavor, Ari Emanuel, assinou um artigo de opinião do ‘Finantial Times’ afirmando que “não deve haver tolerância em nenhum lugar ao anti-semitismo de Kanye West”. 

O diretor da United Talent, Jeremy Simmer, escreveu uma nota aos funcionários da agência apelando ao apoio ao boicote. “Enquanto empresa, apoiamos a diversidade de vozes e ideias mas não podemos tolerar o discurso de ódio, intolerância e anti-semitismo”. 

O golpe final foi da Adidas. A empresa alemã cortou a relação milionária com Kanye West a 25 de outubro. A tensão na parceria com o músico e designer já durava há algumas semanas, desde setembro, depois de Kanye acusar a marca de “roubo” das suas criações. 

Com as declarações anti-semitas de Kanye no Twitter, a marca que foi fundada por membros do partido nazi decidiu colocar um ponto final na parceria de quase 10 anos. “A Adidas não tolera anti-semitismo ou qualquer outro tipo de discurso de ódio”, disse a empresa num comunicado. “Os comentários e ações recentes de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça.” 

No início do mês, o músico afirmou no podcast ‘Drink Champs’: “Posso dizer m# anti-semita e a Adidas não pode deixar-me”. Dias depois, a marca provou que ele estava errado. Chegou ao fim a produção dos produtos Yeezy e um lucro de 246 milhões de dólares (cerca de 245 milhões de euros) para a empresa. As famosas sapatilhas representavam entre 4% e 8% das vendas, disse a ‘Forbes’.

Para Kanye, trata-se de uma perda gigante do seu património, que lhe custou o estatuto de multimilionário e mais de 1,5 mil milhões de dólares. 

A GAP, que já tinha cortado relações com Kanye em setembro, decidiu retirar de vez os produtos Yeezy das prateleiras e encerrar o site de vendas. A Foot Locker fez o mesmo. Os jogadores Aaron Donald e Jaylen Brown cancelaram o acordo que tinham com a agência de marketing Donda Sports. O ex-presidente Donald Trump afirmou que Kanye estava “demasiado maluco” e precisava de “ajuda”, noticiou a ‘Rolling Stone’. E as perdas do rapper continuaram até ao fecho desta edição da ‘The Mag’. 

SEM APOIO DA FAMÍLIA

Enquanto era casada com Kanye West, Kim Kardashian afirmava publicamente e com cuidado que o marido tinha “visões diferentes”. Agora a empresária declarou-se finalmente contra as posições do pai dos seus quatro filhos. “Discurso de ódio nunca é aceitável ou desculpável”, escreveu nas redes sociais.Recorde-se que a empresária tem assumido cada vez mais posições políticas, primeiro na luta pelo reconhecimento do genocídio arménio, há 107 anos, e depois pelas mudanças no sistema judiciário norte-americano. 

Khloé Kardashian saiu em defesa da irmã e desmentiu o ex-cunhado publicamente quando Kanye tentou desviar a polémica das t-shirts para acusar Kim Kardashian de “sequestrar os filhos” no início do ano. “Ye, amo-te, não quero fazer isso nas redes sociais, mas continuas a trazer isso para aqui. És o pai das minhas sobrinhas e sobrinhos, estou a tentar ser respeitosa, mas por favor, para de atacar a Kimberly e usar a nossa família quando queres desviar. Mais uma vez a narrativa do aniversário. Basta. Todos sabem a verdade e, na minha opinião, todos estão cansados disto”, disse numa primeira publicação, mostrando depois apoio à escritora Jessica Seinfeld: “Apoio os meus amigos judeus e o povo judeu”.

A ALEGRIA DA EXTREMA DIREITA E QUE RESTA A KANYE WEST

A rede social de extrema direita Parler anunciou este mês a intenção de Kanye West de comprar a plataforma que tem cerca de 16 milhões de usuários até ao final do ano. De acordo com a ‘Euronews’, não há confirmação sobre os valores da venda.

Recorde-se que esta rede social foi suspensa da lojas da Google e da Apple depois da invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021.

A empresa Spotify tem sofrido pressão para retirar as músicas de Kanye da plataforma, mas isso não vai acontecer, garantiu o diretor executivo Daniel Ek, condenando as declarações do rapper. Contudo, naquela plataforma as músicas de Kanye “não violam as políticas” da empresa. “Cabe à sua editora, decidir se quer ou não tomar medidas”.

A Apple Music também vai manter o catálogo de Kanye, mas apagou a lista dos seus maiores êxitos. 

Do lado dos apoiantes, grupos neonazis não escondem a satisfação com toda a polémica. Os comentários de Kanye deram impulso a um desses grupos em Los Angeles a fazer uma manifestação em que exibiram faixas de apoio ao músico enquanto faziam a saudação nazi.

O advogado Sam Yebri afirmou ao ‘LA Times’ que a manifestação foi apenas um dos muitos incidentes anti-semitas naquela cidade nos últimos dias. Moradores encontraram panfletos em casa e nos carros com estereótipos racistas e intolerantes. 

Kanye West entretanto regressou ao Instagram na quarta-feira, 26, e numa das primeiras publicações escreveu a Ari Emanuel, o diretor executivo da agência Endeavor que pediu o boicote. “Ari Emanuel, perdi dois mil milhões de dólares em um dia e ainda estou vivo. Isto é discurso de amor, ainda amo-te, deus ainda ama-te, o dinheiro não é quem eu sou, o povo é quem eu sou”.

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