A transportadora aérea nacional TAAG teve um resultado líquido negativo de 134,2 mil milhões de kwanzas no exercício de 2024, conforme demonstrações financeiras da empresa consultadas esta Quinta-feira pela Lusa.
O relatório de contas da TAAG 2024 indica no balanço da empresa um activo total de 815,1 mil milhões de kwanzas e capitais próprios negativos de 21,4 mil milhões de kwanzas.
Os dados, que constam do Relatório Agregado do Sector Empresarial Público (SEP) 2024 de Angola, referem também que a subvenção de voos para a província de Cabinda no decurso de 2024 custou 10,6 mil milhões de kwanzas.
Os custos globais com o pessoal da TAAG nesse período, entre remunerações, férias, pensões, despesas médicas, indemnizações e transportes, fixaram-se em 83 mil milhões de kwanzas, enquanto outros custos e perdas operacionais aumentaram para 344,5 mil milhões de kwanzas, mais 44 mil milhões de kwanzas em relação a 2023.
“Verifica-se um aumento dos custos com fornecimentos e serviços de terceiros (mais 44 mil milhões de kwanzas; 15,4 por cento), sendo os principais efeitos relacionados à desvalorização da moeda nacional face às moedas estrangeiras (queda de 12 por cento do kwanza face ao dólar). Esse efeito foi parcialmente compensado pela redução das operações da companhia no exercício corrente”, refere-se no relatório.
Quanto aos custos com combustíveis para as aeronaves e outros – considerada a categoria de custos mais relevante no total da rubrica – estes fixaram-se em 139 mil milhões de kwanzas.
As contas foram aprovadas com reservas pelo auditor independente, a KPMG, que aponta “existência de divergências significativas entre as quantidades apresentadas nas rubricas de existências e aquelas inventariadas fisicamente”, bem como falta de detalhes sobre um montante superior a 19 mil milhões de kwanzas relacionado com “existências em trânsito”.
O auditor chama também a atenção para os capitais próprios negativos e resultados líquidos negativos da companhia aérea, cujo passivo corrente excede o ativo corrente em 181 mil milhões de kwanzas.
“Estes acontecimentos ou condições (…) indicam que existe uma incerteza material que pode colocar dúvidas significativas sobre a capacidade da entidade se manter em continuidade”, refere o relatório.