Um burburinho está a agitar a Zona Económica Especial Luanda Bengo. E as razões não são de menosprezar. O Sindicato que representa os trabalhadores desencadearam uma acção junto do Tribunal do Trabalho, em Luanda, para a reclamação de actos praticados pelo anterior conselho de administração daquela instituição que, segundo se denuncia, são lesivos aos interesses da corporação e violam as boas práticas de gestão.
Um bónus em dinheiro, expresso em valores que totalizaram os 600 milhões de kwanzas, constitui a base das reclamações do Sindicado de trabalhadores da Zona Económica Especial Luanda Bengo.
Este valor, segundo consta da queixa apresentada, a qual este portal teve acesso, foi repartido entre os integrantes do anterior Conselho de Administração daquela entidade pública, tendo sido beneficiados, do mesmo modo, um pequeno grupo de trabalhadores, sem que os critérios para a atribuição tenham sido claros ou, ao menos, do conhecimento de todos.
A acção levantada pelo Sindicato corre os seus trâmites na Sala de Trabalho do Tribunal de Comarca do Belas, registada sob o número 1690/23/AZ.
Na exposição, que constitui a base da acção que desencadeou, o Sindicato duvida da licitude da atribuição do bónus, assim como manifesta profundo desconhecimento dos critérios que determinaram a distribuição do dinheiro e as proporções em que foi repartido.
Reza a o documento a que tivemos acesso que os administradores da antiga gestão, sendo que alguns deles continuam em funções no actual Conselho de Administração, receberam cada um até 90 milhões de kwanzas.
Além de ser proporcionalmente superior aos 300 mil kwanzas atribuídos aos funcionários, lê-se no documento, é ainda questionável o facto de nem todos terem beneficiado, o que reforça ainda mais o véu sobre uma medida já de si opaca.
Por estas mesmas razões, os trabalhadores resolveram desencadear uma acção junto das autoridades judiciais, no sentido de verem corrigidas as discrepâncias e de ser aferida a licitude da atribuição do bónus.
Reputam de “atropelos à lei”, cometidos pela anterior gestão, e acusam os administradores beneficiários de fomentarem a intriga, de criarem um mau ambiente de trabalho, sabotando, mesmo, os esforços de quem está empenhado na resolução dos problemas actuais.
Outrossim, não percebem “o porque é que forças internas, por luta de cadeira, têm combatido o PCA, usando como arma, um empréstimo feito de 145 milhões à empresa para a compra de uma residência para si, que tem sido a descontado no seu salário. Vários funcionários têm igualmente beneficiado de empréstimos e adiantamos para a resolução de problemas pessoais, coisa que não acontecia no passado”, conclui a fonte.