Em Destaque

Quem entre eles será o próximo Secretário Nacional da JMPLA?

Nono congresso ordinário da agremiação juvenil do MPLA ainda não foi convocado, mas já são muitos os quadros que vão fazendo caminho para, assim que chegar o momento, serem a opção dos delegados, aos quais caberá escolher quem melhor estará à altura para dirigir o movimento de massas do maioritário, que vem perdendo a graça nas mais importantes capitais provinciais.

Até ao momento é ainda uma incógnita se Crispiniano dos Santos, actual primeiro secretário nacional da JMPLA, deverá procurar um segundo mandato à frente da organização.

Mas, se o fizer, é mais provável que acabe cilindrado, dado o seu consulado sofrível. E talvez seja consciente disso que alguma ala do maioritário esteja, de acordo com observações, a preparar Justino Capapinha, rebento do governador do Cuanza-Sul, Job Capapinha, para o substituir.

Tito Kambanje

Não é claro quais são os ‘gurus’ do MPLA que apoiam uma eventual candidatura do jurista e docente universitário Tito Kambanje. Quando questionado sobre essa possibilidade, o também comentador evita dar uma resposta precisa, embora suas movimentações deixem claro esse propósito.

Membro do Comité Central do MPLA e autor da obra científica intitulada Contencioso Tributário Angolano, o jurista tem-se notabilizado pelas suas intervenções como analista em diferentes programas de televisão, de onde mantém uma postura defensiva acérrima do seu partido.

Em 2022, na véspera da campanha eleitoral, desistiu da lista de candidatos a deputado do partido maioritário, de onde ocupava um lugar confortável.

O jovem, de 37 anos de idade, já ocupou cargos nas estruturas do Governo, como o de consultor da ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, uma função que desempenhou após ser exonerado do cargo de director-geral do Instituto de Supervisão de Jogos.

Pelas movimentações feitas pela UNITA, que colocou o jovem Nelito Ekuikui a liderar o seu braço juvenil, a JURA, e que também entregou a liderança do partido a nível de Luanda, maior praça eleitoral, ao também jovem Adriano Sapñala, filho de Samuel Chiwale, co-fundador do Galo Negro, há no seio dos “camaradas” quem defende que, nesta altura, o melhor rosto à frente da ala juvenil do partido é Tito Kambanje.

Ao nível interno, Justino Capapinha já é apelidado de “candidato da continuidade”. Vaticina-se que a sua provável candidatura poderá contar com a chancela, o apoio moral e material do secretário-geral do MPLA, Paulo Pombolo, e do governador do Cuanza-Sul, Job Capapinha, seu pai.

Para lá destes nomes de peso nas estruturas do partido, há possivelmente apoios de figuras relevantes nos corredores da própria JMPLA, Danila Bragança, o estrategista Cleusio Pereira, bem como Jandir Patrocínio e o talentoso Kelvin John, que vem da África do Sul.

Membro do Comité Central do MPLA, Justino Capapinha, segundo fontes, já actua como se fosse o primeiro secretário nacional, sendo que, em nome de Crispiniano, representa a JMPLA em diferentes fóruns, nacionais e estrangeiros.

Hemingarda Fernandes

Não é só a eventual candidatura de Justino Capapinha que conta com apoios de peso. A deputada à Assembleia Nacional e antiga primeira secretária da JMPLA em Luanda também conta com figuras de proa predispostas em apoiá-la, como a vice-presidente do partido, Luísa Damião.

Natural do Icolo e Bengo e tida como uma figura inspiradora, Hemingarda Fernandes é a segunda mulher a assumir a direcção da JMPLA em Luanda, além de ter desempenhado outros papéis importantes dentro do partido e da organização juvenil. Contudo, no seio de determinados grupos da JMPLA diz-se que é pouco provável que a mesma avance, na medida em que, historicamente, a organização nunca teve uma mulher no topo da hierarquia.

Humilde, Hemingarda dificilmente se atribui os sucessos de seu pelouro, já que entende ser sempre resultado de um trabalho de equipa.

Isaías Kalunga

O presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) é também apontado como uma possível aposta do MPLA. No caso de Isaías Kalunga, segundo testemunhos, a eventualidade de vir a participar da corrida ao cadeirão máximo da JMPLA será mais por determinação de determinados segmentos internos do partido que vêem nele a opção viável para contrariar os ganhos de Sapiñala e Nelito Ekuikui, ambos da UNITA.

Nascido em 1986, Isaías Kalunga teria de abdicar de suas responsabilidades no CNJ para seguir na ‘aventura’ de liderar a JMPLA.

O líder associativo, que conquistou a confiança do Presidente da República João Lourenço, que lhe confiou a árdua tarefa de seleccionar e distribuir habitações públicas aos jovens, tem sido alvo de várias acusações.

Entre as denúncias contra Kalunga destaca-se a alegada queixa de favorecimento a certos grupos (amigos e partidários) em detrimento de outros na alocação de residências nas centralidades.

Além destes nomes, são citados outros como pretendentes ao cargo de primeiro secretário nacional da JMPLA, como, por exemplo, o de Sebany Gaspar, que, igualmente, se tem desdobrado em várias frentes.

Braço juvenil do maioritário vive o pior momento político

O braço juvenil do partido governante em Angola, a JMPLA, que tem o lendário Hoji ya Henda como o seu patrono, está, de acordo com observações, a vivenciar o pior momento político de sua história.

À medida que o tempo passa, trazendo consigo o aumento da literacia política dos cidadãos, bem como a mudança geracional do público eleitoral, os desafios da JMPLA, habituada a caminhar no cenário político angolano sem uma oposição digna deste nome, vão-se multiplicando.

Nos últimos dois anos do quinquénio 2017-2022, a agremiação de massas dos “camaradas” perdeu a ‘graça’. Viu sua aceitação pública cair em percentagens astronómicas, e, inclusive, passou a ser vista com desconfiança por parte de alguns altos quadros do partido, que, em actividade de massas, questionavam onde estavam “os rostos bonitos daquela organização”, e se o interesse dela [JMPLA] era “apenas cargos”.

No poder há quase meio século, e com um histórico de 30 anos de vitória eleitoral com maioria qualificada, sem nunca perder uma única circunscrição, o partido viu, nas eleições de 2022, escapar-lhe entre os dedos o controlo político partidário de Luanda, a capital e maior praça política do País, e as duas maiores províncias em termos de produção petrolífera, nomeadamente Cabinda e Zaire.

Vários são os factores que concorreram para este desaire político. Para lá do aumento da literacia política, e a mudança geracional entre a massa votante como já enunciado, a estratégia política ao mais alto nível do partido não foi a mais adequada, iniciando pela própria opção governativa, bem como o apagão do actual primeiro secretário nacional da JMPLA, Crispiniano dos Santos, este que fez história por ser o primeiro líder dessa organização juvenil a ser eleito num sufrágio com múltiplas candidaturas.

ACJ ‘mexeu’ na JURA e na liderança dos “maninhos” em Luanda

A UNITA, maior partido na oposição, liderada por Adalberto Costa Júnior, já deu mostras de que o ponto de chegada, como dizia o seu presidente fundador Jonas Savimbi, é mesmo governar o País, e não simples vitórias em circunscrições.

Diferente dos últimos 16 anos em que esteve sob gestão de Isaías Samakuva, a UNITA apostou todas as fichas para ascender ao poder (menos uma, a confrontação física, pois o teria feito na véspera da recusa eleitoral). Chegou inclusive a agir de forma autocrática para fazer valer a sua estratégia de colocar Nelito Ekuikui à frente o seu braço juvenil, a JURA, num processo que ficou marcado com suspensões e coacção contra os jovens que demonstravam potencial para contrariar a estratégia da direcção em fazer de Ekuikui secretário-geral da JURA.

Além de Nelito Ekuikui, que liderou a UNITA em Luanda, durante as eleições, Adalberto Costa Júnior chamou para substituir Ekuikui na capital o político de massas Adriano Sapñala, que esteve em Benguela. Toda essa movimentação visou cimentar a vitória conseguida nas capitais provinciais enunciadas e garantir resultados ainda melhores nas eleições gerais previstas para 2027.

Atento, o MPLA deixou cair Bento Bento à frente da direcção em Luanda e colocou Manuel Homem, um quadro experiente em telecomunicações. Por sua vez, o Secretariado Nacional da JMPLA aprovou uma directiva que levou à realização de conferências provinciais e consequente afastamento de alguns secretários, visando melhor desempenho político.

Embora a JMPLA justifique a directiva com a necessidade de conformar os actos aos instrutivos internos, fontes referem que as alterações nas estruturas provinciais da organização ocorreram, por um lado, com o objectivo de se promover maior unidade e coesão interna, e, por outro, para relançar a JMPLA tendo em vista às eleições de aqui a três anos.

Para muitos quadros da juventude dos “camaradas”, Crispiniano tornou a JMPLA num actor “menos importante” na vida dos cidadãos, sobretudo para os jovens, e que por isso deve ser afastado.

Artigos Relacionados