O chefe de Estado senegalês, Macky Sall, anunciou este sábado a revogação do decreto que fixava o dia 25 de fevereiro como data das eleições presidenciais no país, adiando “sine die” o ato eleitoral.
A decisão surge após a criação de uma comissão parlamentar que investiga dois juízes do Conselho Constitucional cuja integridade no processo eleitoral é contestada.
“Assinei o decreto de 3 de fevereiro de 2024 que revoga o decreto” de 26 de novembro de 2023 que fixava as eleições presidenciais para 25 de fevereiro de 2024, disse o Presidente senegalês num discurso à Nação, poucas horas antes da abertura dos trabalhos do Congresso.
O Conselho Constitucional é um órgão essencial no processo eleitoral no Senegal, com a responsabilidade de proclamar os resultados das eleições presidenciais e decidir acerca de eventuais impugnações.
“Iniciarei um diálogo nacional aberto a fim de criar as condições para uma eleição livre, transparente e inclusiva”, afirmou Sall no seu discurso, sem indicar uma nova data para a realização do escrutínio.
Esta é a primeira vez desde 1963 que uma eleição presidencial por sufrágio universal direto é adiada no Senegal.
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais do próximo dia 25 no Senegal deveria começar hoje, com 20 candidatos aprovados pelo Conselho Constitucional a concorrerem à sucessão de Macky Sall, impedido pela Constituição de se recandidatar a um terceiro mandato.
De fora da corrida tinham ficado Ousmane Sonko, popular figura da oposição e com grande apoio entre o eleitorado mais jovem, e Karim Wade, filho do ex-presidente Abdoulaye Wade (2000-2012).
Desde a sua detenção em julho, Sonko tem estado envolvido numa batalha judicial para participar nas eleições.
As autoridades acusam-no, entre outros crimes, de incitar à insurreição, de atentar contra a segurança do Estado e de associação a uma empresa terrorista.
Antecipando a impossibilidade de Sonko concorrer às eleições, os membros do seu partido, Patriotas do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef, na sigla em francês), nomearam como candidato um outro homem forte do partido, Bassirou Diomaye Faye, que também se encontra atualmente preso por desacato em tribunal, difamação e divulgação de notícias falsas.
A 3 de julho de 2023, o Presidente do Senegal, Macky Sall, no poder desde 2012, confirmou oficialmente que não se candidataria a um controverso terceiro mandato.
Em setembro, o Presidente nomeou Amadou Ba, o atual primeiro-ministro, como candidato da coligação no poder.