Na região norte de Angola, o número de militantes no PRA-JA Servir Angola já ultrapassará os seis mil. Só em Malanje, mais de cem novos membros deverão ser apresentados ao longo deste mês, durante o congresso provincial.
Mateus Kyamba, com 16 anos de militância na União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), diz ter sido um dos primeiros a abandonar o partido e a filiar-se ao PRA-JA, liderado por Abel Chivukuvuku, no Cuanza Norte.
Kyamba já ocupou cargos importantes, como chefe de secretaria e telecomunicações, secretário da ala juvenil e comissário provincial eleitoral do principal partido da oposição angolana na região.
Na nova formação, ele atua como secretário para mobilização e conta que milhares de militantes da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e UNITA já desertaram para o seu partido.
Por outro lado, Francisco Falua, secretário da UNITA no Cuanza Norte, garante que alguns militantes que haviam migrado para o PRA-JA estão a retornar.
“Posso até apresentar cartas de dois ex-membros da UNITA que foram para o PRA-JA, sendo que um deles já está de volta. Alegam que a decisão foi precipitada e estão regressando.”
Nas províncias de Cabinda, Uíge e Zaire, também no norte do país, um grande número de militantes demonstra disposição para aderir ao PRA-JA, segundo o influente ex-deputado da UNITA e CASA-CE, Makuta Nkondo. Ele e sua filha já migraram para o partido recém-legalizado.
“Muitos jovens do Soyo estão em alerta, prontos para seguir Makuta Nkondo no PRA-JA. Os Bakongos, no geral, até aqui em Luanda, têm me ligado querendo se juntar ao PRA-JA.”
Em Malanje, doze militantes da UNITA e do MPLA já aderiram ao PRA-JA, e mais cem deverão ser oficialmente apresentados ainda neste mês, afirma Carlos Xavier, secretário provincial do partido.
“De uma só vez, recebemos cem militantes de partidos tradicionais e, por questão de princípio, não divulgaremos seus nomes”, disse o secretário do partido.
Entretanto, muitos desses militantes têm sofrido ataques nas redes sociais por deixarem seus partidos, relata Makuta Nkondo.
“Estou a ser flagelado. Atualmente, o principal objetivo dos críticos é abater Makuta Nkondo por ter optado pelo PRA-JA em vez da UNITA. Também atacam Abel Chivukuvuku e o PRA-JA, usando meu nome como pretexto.”
Já o analista de política nacional, Nkruma Pinto, ressalta que os militantes têm total liberdade para escolher seu caminho.
“Os partidos políticos não são prisões de que já não podem sair, na obediência daquilo que são as orientações do estatuto interno do partido. Desde que o indivíduo siga todas as orientações, ele pode claramente filiar-se ou deixar de filiar-se a um partido político”, conclui o analista.