A decisão do BPI de suspender a venda da participação de 48,1% que possui no Banco de Fomento Angola (BFA) apanhou de surpresa os envolvidos no processo e poderá ter repercussões negativas no futuro.
Segundo a imprensa portuguesa, o travão à venda, desde logo, deverá causar mal-estar no Banco Nacional de Angola (BNA) que deu o aval à operação a pedido do próprio BPI.
Além disso, avança o Jornal de Negócios, em termos domésticos, a suspensão da alienação também deverá suscitar incómodo no Governo, o qual anunciou para este ano um IPO de uma parte da posição que a Unitel detém no banco.
Recorde-se que O BPI, numa carta enviada aos dois candidatos à aquisição – os grupos Carrinho e Gemcorp – avisa que a decisão tem efeitos imediatos e justifica-a pela contínua depreciação do kwanza. Desde maio, a moeda angolana já registou uma queda de 37%, atingindo um valor de 804 kwanzas por dólar. Esta foi a terceira tentativa de alienação deste ativo.
A UNITEL controla 51,9% do capital e a venda de uma parte da mesma irá colocar problemas adicionais ao BPI. Isto porque o banco português detido pelos espanhóis do Caixabank, por força da redução da Unitel, tornar-se-á o maior acionista do BFA, um cenário que desagrada em absoluto ao Banco Central Europeu (BCE).