O arroz que se tornou num dos mais importantes alimentos na dieta dos angolanos também, tal como a farinha de trigo, não foge à regra, estando igualmente a custar os ‘olhos da cara’.
O preço de 25 quilogramas já roça os 29 mil kwanzas, havendo algumas variações entre os estabelecimentos comerciais de venda a grosso e a retalho.
Angola produz já acima de 30 toneladas de arroz por ano que, entretanto, não aparece no mercado local, estando, a ser comercializado pela ‘porta do cavalo’ no exterior do país, um exercício que conta com alguns gurus que não querem ver a produção local a avançar.
Segundo apurado pelo Jornal Pungo a Ndongo, há vendedores informais que, por causa dos preços nas lavras onde não há facilidades de escoamento encontram ali uma oportunidade de negócio, fugindo do controlo normal para colocarem o produto no exterior do país com custos mais competitivos.
O mesmo contacto acrescenta que o preço e a alta procura representam factores que levam a que o arroz ‘Made in Angola’, ainda pouco para o consumo interno, esteja a ser exportado de forma ilegal até mesmo para países produtores como a China.
“O nosso arroz chega a ter muito boa qualidade do que o importado, sendo por isso que é preferido além-fronteiras”, afirmou a fonte. Agastada com o que considera “desleixo das autoridades” que “se o que se pretende é a diversificação da economia, e redução das importações por via do aumento da produção interna”, “nada se está a fazer para protecção da produção nacional”.
Sem entrar em muitos detalhes, disse que os importadores, na sua maioria grupos estrangeiros, tudo fazem para ‘sufocar’ o produtor e o produto angolano, sendo que nessa lógica não se vai cumprir o pressuposto de se reduzir esse negócio (importação) que só potencia os estrangeiros.
Os dados disponíveis, indicam a existência de cerca de 15 empresas do sector do comércio com o monopólio do negócio em todo o país, num segmento que conta com 27.576 empresas licenciadas.
Destas, cerca de 900 a determinada altura abriram falência, mas de seguida, a partir de 2018, foram criadas 596.
Para já, o comércio representa cerca de 50% do tecido empresarial do país. Os importadores em causa, como a Angoalissar, Atlas Group, Nobel Group, Angorayan, Alimenta Angola, Africana Discount, Newaco Group, Dimassaba, Selmata, Anseba, Rayan Investiment, Ros Bien Comércio, AMT- Angola, ou ainda Zara General Tradind, Heran, mandam no negócio sob o olhar impávido e sereno do Ministério da Indústria e Comércio (MINDCOM) .
Todas estas empresas são detidas por cidadãos libaneses, ou ainda de países do Norte de África como mauritanianos, eritreus, malianos, nigerianos, etíopes, só para falar destes.
Um alto funcionário do MINDCOM confirmou que “estes são os maiores grupos empresariais estrangeiros que dominam o comércio”, mas acha que “nada justifica que o Banco Nacional de Angola (BNA) continue a libertar divisas para que estes (importadores) façam pagamentos aos seus fornecedores no exterior”.
De acordo com fonte do MINDCOM, dos grosso de importadores apenas aparecem três angolanos, nomeadamente, o Grupo Carrinho, o Kero e o Candando.