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Liga dos Direitos Humanos apela ao Presidente guineense a exonerar filha do cargo de conselheira

Na Guiné-Bissau, a par de novos ministros, tomaram também posse no dia 23 de Agosto novos conselheiros do Presidente da República. Deste novo elenco consta a filha do do chefe de Estado guineense, Suzana Sissoco Embaló, cuja nomeação para o cargo de Conselheira especial do Presidente está gerar debate na sociedade civil. A Liga Guineense dos Direitos Humanos, nomeadamente, apela ao Presidente da República a exonerar a sua filha e acabar com esta situação que qualifica de “nepotismo”.

“O Presidente da República ultrapassou os limites. Nunca houve essa situação na história da Guiné-Bissau” indigna-se Gueri Gomes, porta-voz da Liga guineense dos Direitos Humanos para quem “não podemos colocar essa situação na questão da legalidade”, sendo que “pesa muito a questão de ética”. Muito embora reconheça que nenhuma lei impede o Presidente da República de nomear a filha para o cargo de conselheira especial, o activista considera que isto contraria os valores publicamente defendidos por Umaro Sissoco Embaló.

“Não há nenhum texto de lei que impeça o Presidente da República nomear a sua filha, Mas, em termos de ética, é grave. E, por outro lado, o Presidente da República tem tido sempre pronunciamentos contra essa questão de nepotismo. Tem criticado bastante os dirigentes das outras formações políticas sobre a questão da nomeação com base em nepotismo e agora, vendo o Presidente da República a nomear a sua filha, isso contraria tudo aquilo que têm sido as declarações do Presidente da República e põe em causa a própria credibilidade da Presidência da República”, considera este membro da Liga guineense dos Direitos Humanos.

Formada, de acordo com o seu perfil Linkedin, em governação global pela Universidade de Birkbeck em Londres, e em Gestão pelo ISCTE em Lisboa, Suzana Sissoco Embaló exerceu, segundo a mesma fonte, o cargo de assistente administrativa no Ministério guineense dos Negócios Estrangeiros, entre Maio de 2022 e Outubro de 2023, sendo agora conselheira especial do Presidente da República.

Ainda segundo o mesmo perfil Linkedin, antes de ser nomeada conselheira, Suzana Sissoco Embaló, acompanhou o pai na visita que ele efectuou à China em meados de Julho. Antes disso, está referenciado na mesma rede que fez parte da delegação da Guiné-Bissau na cimeira África-Coreia em Junho. 

O estatuto que tinha na época a filha do Presidente também é motivo de questionamentos do ponto de vista de Gueri Gomes. “Independentemente desta nomeação, nós já sabíamos que o Presidente, tem viajado antes da nomeação com a sua filha em missões usando fundos do Estado, sem nenhuma justificação. Essa nomeação vem só formalizar aquilo que é tendência do Presidente da República de ter à sua filha e de permitir a sua filha puder, em certo momento, representar o Estado da Guiné-Bissau”, diz o activista.

Gueri Gomes refere, noutro aspecto, que as comptências da filha do Presidente também não estão em causa. “Há várias pessoas com competência para tal (ser conselheiro especial). Porque é que o Presidente não propunha nomear esses cidadãos? Nós assistimos o Presidente da República a nomear ou a exercer influência para a nomeação da sua filha. Mas isso aconteceu em outras instituições, não na própria Presidência da República. E o Presidente da República actual ultrapassou esses limites. Para nós, mostra pouca seriedade da parte do Presidente da República” considera o militante dos Direitos Humanos

“É tempo de o Presidente reconsiderar essa nomeação, exonerando a sua filha dessa função, permitindo que a Presidência da República, enquanto instituição, tenha uma certa credibilidade junto dos cidadãos. Porque um dos aspectos negativos de nepotismo é de desacreditar a própria instituição. Quem vai acreditar que a filha do Presidente da República estará em melhores condições de poder aconselhar o Presidente da República ou de exercer essas funções junto com o Pai?”, conclui o porta-voz da Liga guineense dos Direitos Humanos.

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