O líder do CHEGA é um ultranacionalista português extremado. Jurista de retórica inflamada, político incendiário e panfletário perigoso. É conhecido por ser politicamente errático e intelectualmente instável. Um jurista que interpreta a Constituição como se fosse um panfleto bélico e não uma carta de Direitos e Garantias.
André Ventura serviu-se da sua condição de tribuno português para proferir um insulto grotesco contra o Estado angolano: O de ter chamado “sanguinário” ao Presidente de Angola durante uma visita oficial recente a Portugal. “Sanguinário”? Alto lá! Sou crítico da governação de João Lourenço. Mas há uma diferença clara entre exercer o direito à crítica e enxovalhar um Chefe de Estado estrangeiro com acusações torpes, infundadas, diplomática e eticamente inadmissíveis.
André Ventura não insultou apenas João Lourenço. Insultou o Estado angolano com o seu recorrente neocolonial. Angola inteira deveria repudiar essa afronta com todas as suas forças. André Ventura foi longe demais. Pisou a linha do racismo político. Ultrapassou os limites do respeito institucional e diplomático. Abusou da tribuna. Humilhou a bandeira de Angola e a dignidade dos angolanos. Desprezou os angolanos. Acusou João Lourenço de ser “sanguinário”. Mas não apresentou dado algum.
Não citou um único relatório de organizações de Direitos Humanos. Fê-lo sem base factual ou fundamento jurídico. Acusações desta natureza exigem provas concretas, algo que faltou nesta invectiva.
Até ao momento, não vi os angolanos que tanto proclamam defender a bandeira e o líder a pronunciarem-se sobre este episódio. O líder do CHEGA demonstrou, mais uma vez, o seu tom demagógico em busca de aplausos fáceis. Nada mais. Não tenho procuração para defender João Lourenço. Mas tenho a obrigação moral e política de defender o Estado e os símbolos da República de Angola.
Na década de 1980, o País batia-se contra o regime do apartheid em vigor na África do Sul, patrocinado por Washington. Havia uma divisa que simbolizava a posição dos angolanos face às políticas do regime de Pretória: “Reagan, tira as mãos de Angola”. Hoje, perante a retórica colonial e insultuosa do líder da extrema-direita portuguesa, é justo e oportuno dizer: “Ventura, vira essa boca para lá”.
Chamar “sanguinário” a um Presidente em funções é diplomática e eticamente reprovável. A liberdade de expressão no Parlamento não pode ser confundida com liberdade de insulto. André Ventura teve coragem de usar esse adjectivo contra João Lourenço. Gostaria de o ver aplicar o mesmo termo aos crimes de guerra do governo de Benjamin Netanyahu. Ou será que lhe falta coragem?
Aos patriotas (são poucos, mas ainda os há por aí): Que este episódio nos sirva de alerta. Quando um político estrangeiro ousa insultar a nossa bandeira, não devemos perguntar quem governa. Mas sim, quem somos. CHEGA ao racismo político, chega! Que a ofensa de André Ventura seja respondida com aquilo que ele jamais compreenderá um dia: A nobreza de um povo que, mesmo nas suas divergências internas, sabe unir-se quando está em causa a sua honra colectiva. Porque a Pátria não se curva a demagogos. Levanta-se!
Jorge Eurico – Jornalista (in Facebook)