A entrada tardia na Assembleia Nacional da proposta de Lei de Antidopagem no Desporto foi das principais motivações para a exoneração a antiga andebolista Palmira Leitão Barbosa do cargo de ministra da Juventude e Desportos, pasta que ocupava desde Outubro de 2022, em substituição de Ana Paula do Sacramento Neto.
Não fosse a disputa da 34.ª edição do Campeonato Africano das Nações (CAN), edição 2023, por parte dos Palancas Negras, a saída de Palmira Barbosa, antiga andebolista do Petro de Luanda e da Selecção Nacional sénior feminina de andebol, estaria efectivadaainda na primeira quinzena de Janeiro, mas assim não aconteceu, tendo sido feita apenas na passada quarta-feira, 13, justamente num dia em que o MINJUD deu versão sobre as acusações de Artur Almeida e Silva.
Angola está proibida desde o passado dia 13 do corrente mês de hastear a bandeira nacional em todas as competições tuteladas pelo Comité Olímpico Internacional (COI), confidenciou ao Luanda Post um membro do Comité Executivo do Comité Olímpico Angolano.
Sob presidência de Gustavo da Conceição, a fonte assegurou que a proibição se deve ao facto de o nosso país não ter uma Lei Antidopagem actualizada, pois a anterior, segundo consta, foi aprovada sem antes consultarem o COA.
“Apenas te posso dizer que já estamos sancionados desde o dia 13 de Fevereiro. Há restrições para o desporto, não podemos usar símbolos nacionais (bandeira e hino). Não temos assentos em alguns organismos internacionais”, assegurou o interlocutor ao Luanda Post.
Nos grandes palcos internacionais, os símbolos nacionais só poderão ser vistos depois da aprovação e publicação em Diário da República do novo diploma, o que poderá acontecer nos próximos tempos.
Há muito que o trabalho de Palmira Barbosa vinha sido escrutinado, em 2023, sobretudo as inúmeras viagens que efectuou de Fevereiro a Dezembro, todas elas no exterior do País.
França, Alemanha e Portugal, por razões publicamente desconhecidas, eram os destinos preferidos da antiga andebolista, embora uma fonte bem próxima a si assegurasse a este jornal que a “ida consta àqueles países foi por questões pessoais”.
A sua exoneração do cargo foi mais forçada após polémica levantada por Artur Almeida e Silva, presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), que, dias antes do confronto dos Palancas Negras frente à Namíbia, desabafou, em entrevista à estação pública Rádio 5, que haviam recebido apenas um terço do orçamento solicitado para o CAN.
Num momento em que os milhões de angolanos espalhados por todo o mundo estavam de braços dados com a SelecçãoNacional, as declarações do presidente da FAF, de que os Palancas estavam na competição com dinheiro emprestado, caíram como uma bomba para a ex-ministra Palmira Barbosa, que se encontra em Luanda.
De imediato, Mirita, como é conhecida pelos próximos, pegou no seu telemóvel e efectuouuma chamada pelo Whatsapp para Teresa Ulundo, secretária de Estado que estava com a Selecção no palco da 34.ª edição da maior montra do futebol nacional.
Orientada a partir da sede do Ministério da Juventude e Desportos, Teresa Ulundo saiu em defesa da chefe, tendo a seguir atacado Artur Almeida e Silva, nos corredores do Estádio da Paz de Bouaké, com afrontas de que a FAF terá recebido dinheiros vindos do consórcio de três empresas públicas.
O líder federativo esclareceu à secretária de Estado que o dinheiro vindo da Sonangol, ENDIAMA e SODIAM nada tinha a ver com o CAN, mas sim para o reforço da organização do Girabola.
Para o CAN, a Federação solicitou ao Ministério da Juventude e Desportos pouco mais de 3 mil milhões e 400 milhões de kwanzas, e conta uma fonte que o caderno de encargo respeitou todos os trâmites legais, mas mesmo assim, sabendo que a FAF precisava de dinheiro em moeda estrangeira, os últimos valores, no caso dois mil milhões e 200 milhões Kz, foram apenas transferidos antes do jogo com a Nigéria.
Teresa Ulundo suplica aprovação urgente da Lei de Antidopagem
Terminado o prazo de Angola, na última quinta-feira, 15, a secretária de Estado dos Desportos, Teresa Ulundo, chamada a intervir na Assembleia Nacional, suplicou aos deputados presentes a aprovação urgente da Lei de Antidopagem no Desporto, um documento a libertar Angola das restrições impostas pelo COI.
“Se não aprovamos a Lei, corremos o risco de não participarmos nos Jogos Olímpicos de Paris, a disputa do apuramento para o Mundial, os Jogos Pan-africanos e o Campeonato Africano das Nações de Marrocos (2025)”, alertou a secretária de Estado para o Desporto, Teresa Ulundo, durante a discussão, na especialidade, da proposta de Lei de Antidopagem no Desporto.
Contudo, a Assembleia Nacional já aprovou, na generalidade, a proposta de Lei de Antidopagem no Desporto, com 176 votos a favor, nenhum voto contra e nenhuma abstenção. O diploma dispõe de seis capítulos, nove secções e 74 artigos.
Novo ministro promete gestão privada das infra-estruturas desportivas
É um dossiê antigo, aliás, foi no tempo de Ana Paula do Sacramento que o tema começou a ser abordado. Chegou Palmira Barbosa, prometeu, mas nenhuma palha se moveu. Rui Falcão Pinto de Andrade, novo ministro da Juventude e Desportos, assegurou, no seu primeiro discurso, dialogar mais com os empresários nacionais.
A ideia do titular do MINJUD é a mesma de Ana Paula e Palmira Barbosa, as quais não chegaram a materializar-se por razões desconhecidas, mas o antigo secretário para a Informação do MPLA promete inverter o quadro para dar maior dignidade às infra-estruturas em cujas construções o Estado gastou milhões de dólares.
Tal promessa vai ao encontro ao pedido efectuado pelo Presidente da República, João Lourenço, aquando da tomada de posse de Rui Falcão, um rosto que não é novo na instituição a dirigir nos próximos tempos.
Para concretizar as promessas feitas, o líder do Ministério da Juventude e Desportos pretende começar o seu trabalho com o levantamento do actual estado do sector em todas as vertentes, do escolar ao federado, bem como das associações de classe, no sentido de dar outra dinâmica no processo de crescimento.
Para o governante, a dinamização das modalidades no País não é papel exclusivo das federações e promete exigir delas programas que permitam o órgão de tutela garantir preparação necessária dos eventos de cada modalidade, quer em provas nacionais como internacionais.
“Nós não podemos continuar a pensar nos eventos um mês antes de eles acontecerem”, ressaltou o novo ministro, para quem as pré-selecções têm que funcionar para garantir qualidade e bom desempenho nos torneios em que participarem.