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Empresas angolanas ficam com apenas 2% dos contratos petrolíferos

No último dia do “Angola Economic Forum 2025”, o empresário angolano António Henriques da Silva “Dinguanza”, ligado ao sector petrolífero, apresentou várias propostas para uma mudança de paradigma nos contratos actualmente em vigor.

Segundo o responsável, apenas 2% destes contratos estão nas mãos de empresas nacionais. Será verdade?

“Participámos em 42 concursos e não ganhámos nenhum. Temos apenas 2% de participação angolana nos contratos. O que é que falta?”, questionou o empresário, durante a sessão de perguntas e respostas do painel “50 anos de indústria petrolífera pós-independência: bênção ou maldição”.

Na sua perspectiva, a mudança deste quadro passa pela separação entre a função reguladora e a função de gestão do conteúdo local. “Quando se acumula a posição de regulador e gestor, existem limitações na implementação de medidas que promovam efectivamente o conteúdo local”, defendeu.

Henriques destacou ainda as vantagens que poderiam advir de um aumento da participação das empresas angolanas nos contratos petrolíferos, sublinhando o efeito multiplicador sobre a economia nacional.

“Os impactos da participação angolana no sector não se limitariam apenas ao petróleo. Com as receitas geradas, poderiam repercutir-se em todos os outros sectores e acelerar o desenvolvimento do nosso país”, acrescentou.

Mas será real que as empresas angolanas só detêm 2% dos contratos petrolíferos?

Sim. Dados oficiais confirmam a afirmação de António Henriques: no conjunto, apenas cerca de 2% dos contratos na indústria petrolífera estão sob alçada de empresas angolanas. Em contrapartida, as companhias estrangeiras concentram 98% das contratações no sector.

Estatísticas disponíveis revelam que a contratação no ramo petrolífero movimenta, em média, 18,2 mil milhões de dólares por ano. Para contextualizar, a actual participação das empresas angolanas representa apenas 10% da meta definida até 2027.

De acordo com a presidente da Associação de Empresas Autóctones para a Indústria Petrolífera de Angola (ASSEA), Berta Rodrigues Issa, a ambição é que a quota nacional atinja 20% dos contratos petrolíferos até esse horizonte temporal. Para esse fim, a ASSEA lançou, em 2024, a campanha “Action for 20%”.

Poligráfo África

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