Blog

Dívida milionária da Unitel bloqueia negócio de fornecedores de serviços

Neste momento, a dívida da Unitel para com prestadores de serviços estrangeiros é de 17 milhões de dólares, que incluiu essencialmente os saldos a pagar a fornecedores de serviços de interligação e de clearing house do serviço de roaming.

Aproximadamente 520 milhões de dólares é quanto a Unitel tem registado como dívida com prestadores de serviços, empresas estrangeiras, bancos comerciais, entre outros, de acordo com vários documentos da mais importante operadora de telefonia móvel de Angola.

Fontes do conselho de administração da telefonia confirmam a existência da dívida milionária, todavia garantem que reduziu se comparada aos milhões de dólares em envelope financeiro de dívida dos anos anteriores.

Ao que o Luanda Post sabe, esta dívida milionária da Unitel tem bloqueado a prosperidade do negócio de vários prestadores de serviços da empresa, essencialmente os fornecedores de serviços de interligação, call center, manutenção de infra-estruturas e de clearing house do serviço de roaming.

Ao que se apurou, prestadores de serviços há que colocam a possibilidade de descontinuar os acordos com a Unitel e fundamentam que na actual conjuntura o não cumprimento de acordos periga a conservação da cadeia de negócios, na medida em que a desvalorização do Kwanza os tem frustrado a cada dia que passa. Acrescentam que a dívida da Unitel já provoca um efeito dominó entre os fornecedores, que têm boa parte das receitas concen trada neste negócio.

Alguns estão a reduzir as operações, demitindo funcionários para tentar compensar o desequilíbrio financeiro. Neste momento, a dívida da Unitel para com prestadores de serviços estrangeiros é de 17 milhões de dólares, que incluiu essencialmente os saldos a pagar a fornecedores de serviços de interligação e de clearing house do serviço de roaming.

Aliás, uma matéria recente da revista O Telegrama avança mesmo que a Unitel viu os seus lucros caírem significativamente para 33,8 mil milhões Kz em 2022, o equivalente a 41 milhões USD à taxa de câmbio média actual, contra os 93,8 mil milhões Kz (113 milhões USD) contabilizados em 2021, espelhando uma quebra expressiva de 64%.

A revista diz que analisou o relatório e contas da empresa referente ao ano passado a que teve acesso. O documento detalha que, em parte, a redução nos lucros da Unitel está associada ao resultado financeiro negativo que a operadora contabilizou no ano passado, quando há dois anos, contrariamente, obteve um encaixe de 71,9 mil milhões Kz (87 milhões USD), lê-se no site da revista O Telegrama.

É acrescida na notícia da revista que “o resultado financeiro negativo decorreu de perdas monetárias estimadas em cerca de 51 mil milhões Kz (62 milhões USD), em consequência da variação cambial que foi desfavorável para a empresa, bem como os juros a pagar às firmas Vidatel, de Isabel dos Santos, Geni, do general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, PT Ventures, controlada pela brasileira Oi, e MS Telecom, detida pela Sonangol”.

Em Outubro de 2022, o Governo de Angola nacionalizou a posição de 25% que Isabel dos Santos tinha na operada de telecomunicações Unitel, através da Vidatel. A mesma opção foi tomada em relação aos outros 25% da Geni, sociedade detida pelo general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”.

Os outros 50% da operadora eram controlados pela Sonangol No despacho presidencial que decreta a apropriação, diz-se que este é o “meio mais adequado, necessário e proporcional para a salvaguarda da situação jurídica da empresa e garantia do interesse do Estado” e que a medida foi tomada “esgotadas todas as possibilidades de acordo com o accionista visado e havendo concordância de outro accionista”.

O despacho de João Lourenço transfere a posição da Vidatel para o Instituto de Gestão de Activos do Estado e estabelece como “competência do departamento ministerial responsável pelas finanças públicas o pagamento de indemnização, quando e se devida, nos termos da lei”.

Para o caso da Geni do general Dino, um outro despacho presidencial justifica a apropriação, refere que a Geni é uma “sociedade cujo beneficiário efectivo se encontra sujeito a fortes medidas restritivas no país e no estrangeiro, tendo levado ao estabelecimento de sanções por parte do US Office Foreign Assets Control [EUA], situação que dificulta o estabelecimento de relações comerciais, no contexto doméstico e internacional, deteriorando assim a situação financeira da empresa”.

João Lourenço refere ainda que a nacionalização visa assegurar a tomada “das decisões necessárias para a continuidade do negócio através de um modelo de gestão mais eficiente, transparente e alinhado com o interesse estratégico representado pela empresa”.

Artigos Relacionados