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Crise institucional continuará a cavalgar para além da Justiça

por: Marcolino Moco*

Oiço dizer que o PR JLO terá dito que não existe nenhuma crise institucional, no país, mesmo com o que se passa de tão grave no Reino da Justiça! Assim, a não ser que me engane, como já tantas vezes me enganei, estaremos, então, perante mais uma encenação de “combate ‘selectivo’ à corrupção”.

Estou a imaginar que aqui a Dra Exalgina Gamboa, com ou sem o seu consentimento (não se saberá, por enquanto), é sacrificada para a limpeza de imagem do regime, tal como terá acontecido com Augusto Tomás, Zénu e “um dos Vicentes”, enquanto o outro e outros tão ou bem mais conhecidos “prevaricadores” andam bem à solta, por cá e por lá.

Na verdade, alguém terá prevaridado mais, à vista de todos, no mundo sagrado da justiça, que o Senhor Doutor Joel, Presidente do Supremo e Presidente do poderoso e pessoalizado Conselho Superior da Magistratura Judicial, de que tanto se falou e fala (faltou alguma referência mais gravosa do Dr Rafael Marques?, não creio!) em relação ao qual e, muito curiosamente, Sua Excelência o Senhor Presidente da República diz não haver provas? Ou ainda, na “mais péssima” das hipóteses, estaremos perante a extensão do reforço de uma das secretas que terá acabado de engolir uma outra, querendo agora precaver-se de qualquer tipo de afronta na  já bastante dominada praça da Justiça?

Quem não sente nisso tudo o ressonar estridente do Senhor Ordens Superiores, que já há muito se descobriu que nunca morreu, quando só acciona a Procuradoria Geral da República, depois de certos comunicados da PR? Infelizmente, foram os próprios dignitários da justiça, que “permitiram” (apenas movidos por interesses de ordem um pouco menores que partidários) a consagração de práticas “atípicas” que nos conduziram a isso, na Constituição de 2010.

Hoje, orgulhar-me-ia bastante, por ter levantado os meus alertas, como jurista, em tempo oportuno, sobre a perversão fatal, se a situação não tivesse chegado a este ponto tão dramático e triste.

Se aqueles que detêm o poder real, hoje, continuarem assim, a imaginar que o “nosso povo” não percebe nada de direito e de outras coisas mais, não sei onde iremos parar. Inebriados pelas visitas de Reis e Presidentes  de “Estados democráticos e de direito”. No outro tempo a bebedeira veio do CAN, para que se aprovasse, nas calmas, a novíssima constituição. Enquanto isso, só lobbies e lobos (dizia o velho Wanhenga Xitu) vão multiplicando e engordando os seus cabazes, com as traduções espetaculares de jornalistas tão belas, como a bela Hariana Verás, a partir das terras do Tio Sam.

Porque investidores sérios não virão, com uma justiça deste jeito. Nem se desenvolverá o investimento interno. E a crise institucional continuará a cavalgar para além da Justiça. E gente morrendo em Angola. Uns de fome farta e outros de tanta fartura.

*Jurista

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