Embora não se lhe tenha ouvido publicamente qualquer pronunciamento a respeito da encarniçada disputa, já em curso, pela liderança do MPLA, Carlos Maria Feijó não é exactamente um desinteressado.
Embora não se lhe note qualquer apetência à liderança do MPLA, Carlos Feijó não desdenha a possibilidade de entrar na corrida à Presidência da República.
Tomada em círculos académicos como demonstração do seu narcisismo, a afirmação que Carlos Feijó fez sábado, na conferência sobre “O Capital Humano e o desenvolvimento do continente africano: experiências, modelos e desafios”, promovida pela Casa Civil do Presidente da República no âmbito dos festejos do quinquagésimo aniversário da independência nacional, segundo a qual se fosse Presidente da República “teria decretado já o Estado de necessidade constitucional de emergência educacional”, ou seja, “uma espécie de Estado de Sítio educacional”, não “caiu do céu
Presente na sala, não se sabe se o Presidente João Lourenço interpretou a afirmação de Carlos Feijó como uma “patriótica” contribuição para o desenvolvimento do Ensino no País ou se como um alerta para uma eventual ingenuidade ou distração.
No contexto em que em que foi feita, a afirmação de Carlos Feijó também pode legitimar uma conclusão pouco lisonjeira a João Lourenço.
A forma “olímpica” como o Presidente da República reagiu a uma afirmação que se presta a muitas e desencontradas interpretações é atribuída ao facto de não ter sido surpreendido pela sugestão de Carlos Feijó.
Em 2020, Carlos Feijó apresentou ao Presidente da República o que designou como “Termo de Referência e Roteiro Para Uma Revolução da Educação e Ensino em Angola”, um documento que propõe o “Estado de Sítio educacional”, de que Carlos Feijó falou na conferência sobre o Capital Humano.
Quer o Presidente da República, quanto o Bureau Político do MPLA, a quem Carlos Feijó também deu cópia da sua reflexão, reagiram.
A circunstância de Carlos Feijó haver retomado a sua reflexão no contexto de uma muito participada conferência sobre o capital humano não foi casuística.
Feijó voltou ao assunto não apenas porque acredita piamente que só através de uma revolução é possível colocar a Educação e o Ensino em Angola nos carretos como achou oportuno o momento para colocar a cabeça fora da água.
Embora o nome dele não figure no “pote” dos pretensos queridos de quem se julga dono de tudo e de todos, pote em que se acotovelam nomes como os de Manuel Homem, Adão de Almeida, Pereira Alfredo, Mara Quiosa e a própria Ana Dias Lourenço, o antigo chefe da Casa Civil de José Eduardo dos Santos está a correr por fora.
Engana-se redondamente quem julga que o nosso “Chiluba”, pseudónimo que deve ao extinto jornal Angolense, olha para a corrida presidencial com distanciamento ou desinteresse.
Como dizem os brasileiros, o homem está dentro!
O jogador, árbitro, VAR e dono do campo que não se concentre apenas no 4×4.
Graça Campos – Jornalista (In Facebook)