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Banif foi usado como uma lavandaria de dinheiro roubado em Angola

Ao longo de dez anos, várias contas bancárias do Banif terão sido usadas como etapa no circuito mundial de pagamentos corruptos do caso brasileiro Lava Jato, avança o jornalista e diretor-adjunto da SÁBADO António José Vilela no livro A Teia do Banif.

Entre 2005 e 2015, mesmo depois do período da intervenção do Estado português, o banco foi usado como um pivô de operações financeiras da construtora, sendo utilizado para fazer “pagamentos ilícitos” entre Portugal e Angola.

À SÁBADO, João Paulo Batalha, consultor e ativista contra a corrupção e pela transparência, diz, em reação à capa desta semana, que o caso do Banif é sintomático de “como o sistema bancário português foi capturado por grupos de crime organizado e utilizado para fazer lavagem de dinheiro”. “No caso específico do Banif foi a oligarquia angolana e os envolvidos no Lava Jato – principalmente a Oderbrecht – que fez essa captura”, continua o antigo presidente da Transparência e Integridade, lembrando que a ingerência angolana foi feita “com o apoio de vários governos e a complacência dos reguladores nacionais”.

João Paulo Batalha diz que é de particular relevo o facto de o Banif ter continuado “a ser usado como uma lavandaria” depois de ter sido intervencionado pelo Estado e haver uma presença pública nos órgãos do banco. “Tem havido uma permeabilidade enorme do Estado português e do sistema bancário nacional para manobras de oligarquias corruptas fazerem circular o se dinheiro nos bancos europeus”, refere o consultor, sublinhando que muitos estrangeiros usaram o Banif para aceder ao sistema bancário europeu, já que a partir do nosso País, o dinheiro podia ser utilizado para circular pela Zona Euro, comprando bens de luxo e imobiliário.

Batalha refere ainda que existe ainda o risco “do sistema bancário português continuar a ser usado como lavandaria e entrada no sistema bancário europeu”, apesar do reforço de regulação feito nos últimos anos.

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