O Serviço de Investigação Criminal (SIC) anunciou recentemente a expulsão de quase 70 agentes do seu organismo, justificando a medida como uma “estratégia de pureza interna”.
As expulsões estenderam-se a outros órgãos do Ministério do Interior. Em setembro deste ano, o ministro do Interior de Angola, Manuel Homem, revelou que quase 70 efetivos do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) – órgão responsável pela emissão de passaportes e a fiscalização da atividade migratória – foram expulsos e mais de 160 enfrentam processos disciplinares por “má conduta”.
Mas os despedimentos foram mais longe: até alguns recém-formados nessa área foram mandados para casa depois da instrução.
À DW, Mutu Muxima, um dos recrutas não integrados, explica que o seu nome voltou a constar da lista do novo cadastramento. “Mas para o meu espanto, no dia que tínhamos que ir receber a farda, disseram-me que não poderia receber”, relata.
“Não poderia receber” por uma questão de idade, enfatiza Muxima de 37 anos. “Mas no dia do juramento, apareceram pessoas com 40 e 50 anos. E o pior de tudo é que, no dia do juramento, apareceram pessoas novas,” acrescenta.
Mutu Muxima conta que, por conta disso, alguns ex-recrutas ficaram frustrados e houve inclusive suicídios, embora reconheça que “muitos não tinham de estar no Serviço de Migração e Estrangeiros”.
Hoje, o jovem exerce atividade comercial para sobreviver. “Há bem que vem para o mal e há mal que vem para o bem. Então, esse mal do SME, do meu lado, veio para o bem,” avalia.
No entanto, parece que os agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) expulsos recentemente podem não ter a mesma sorte. Segundo Manuel Halawia, porta-voz do SIC, está em curso uma “estratégia de pureza interna” do órgão “que levou, até ao momento, à demissão de mais de 68 efetivos por má conduta.”
Osvaldo Nascimento, diretor do jornal Na Mira do Crime – órgão que reporta factos criminais em Angola – explica que estes elementos podem constituir um perigo para a sociedade. Para o jornalista, estes indivíduos são dotados de “técnica e tática de segurança”.
“Esses elementos dominam situações sensíveis que um cidadão comum desconhece, E boa parte deles fazem uso de porte de arma de fogo. Armas que não são orgânicas, não são da instituição,” detalha.
Osvaldo afirma ainda que muitos dos agentes envolveram-se em crimes. Por isso, apela a um acompanhamento “minucioso” por parte das autoridades: Não terão meias medidas para fazerem aquilo que bem entendem ou para terem o que precisam de forma mais fácil possível.”
DW África







