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“Correspondentes bancário não elimina a necessidade de captação de divisas internamente”

Numa altura de escassez de divisas, os bancos angolanos têm estado a sondar bancos internacionais para correspondência de divisas.

Recentemente o Standard Bank Angola e o BFA anunciaram acordos de correspondência em dólares com duas das maiores instituições bancárias de nível mundial, o norte-americano JP Morgan e o alemão Deutsche Bank, respectivamente.

Mário Nascimento, Presidente da Associação Angolana de Bancos, revelou ao Jornal Expansão que estes acordos marcam um ponto de viragem na substituição do sistema bancário angolano e reforçam o acesso directo aos canais de liquidez internacionais, reduzindo custos e tempos de liquidação e melhoram a imagem de risco-país, após o período de isolamento financeiro associado à lista cinzenta do GAFI.

Ainda assim, explica que o fato de um banco ter correspondente não elimina a necessidade de captar divisões internamente. O correspondente apenas garante o canal de pagamento e a compensação internacional (liquidação/liquidação).

O abastecimento da conta ‘nostro’ depende exclusivamente dos bancos nacionais, através de fluxos cambiais internos, gestão eficiente das reservas e dos saldos de clientes em moeda estrangeira. “Sem essas fontes, o banco não consegue honrar ordens de pagamento externas, ainda que tenha acordos ativos de correspondência”, disse.

Segundo explica o economista chefe da Eaglestone, Tiago Dionísio, na prática, este acordo funciona geralmente através de contas “nostro” — contas que o banco angolano mantém em moeda estrangeira junto do correspondente. O normal é que o banco local efectue depósitos em divisas (provenientes de receitas em moeda estrangeira ou de compras de divisas no mercado cambial interno) para manter o saldo disponível e liquidar as suas operações internacionais.

“Em alguns casos, dependendo da confiança e do histórico da relação, o correspondente pode linhas de crédito ou facilidades de descoberta (“cheque especial”), mas isso é menos comum em mercados de maior risco, como o angolano, e requer garantias adicionais e uma relação consolidada”, explicou.

Entretanto, os bancos continuam a depender da sua capacidade de obter divisas, seja através do mercado cambial, seja por receitas próprias em moeda estrangeira (por exemplo, operações de exportação, remessas, ou serviços em divisas).

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