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Burkina Faso: Ouagadougou pode cair nas mãos de grupos jihadistas

Por trás da propaganda patriótica e do apoio russo, o exército de Burkina Faso está perder terreno rapidamente e a perspectiva antes impensável de uma capital isolada agora se agiganta, enquanto grupos jihadistas sufocam o exército burkinabe.

Segundo o África Repórter, Por enquanto, Ouagadougou permanece sob controle do governo, mas a crescente insegurança em torno da capital do Burkina Faso transformou preocupações silenciosas em discussões sérias entre diplomatas e analistas.

De acordo com a fonte, o que antes soava como um discurso alarmista de que a capital poderia ser isolada do resto do país agora aparece em briefings políticos sérios.

Insurgentes ligados à Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM) da Al-Qaeda e ao Estado Islâmico no Grande Saara (ISGS) estão a reforçar o controle de rotas importantes e a isolar regiões inteiras.

O Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), revela num relatório recente intitulado O Urso e a Fazenda de Bots: Combatendo a Guerra Híbrida Russa em África , alerta que “Traoré está a ter dificuldades para controlar territórios além dos principais centros urbanos, e muitos analistas africanos e europeus agora temem que Ouagadougou possa cair nas mãos de grupos jihadistas”.

O medo, de acordo com observadores, não é de uma tomada militar dramática, mas de um cerco lento, uma degradação gradual da logística, do moral e da governação até que o estado governe pouco mais do que a própria cidade.

Acredita-se que cerca de 60% do território de Burkina Faso esteja fora da autoridade governamental.

O regime do presidente Ibrahim Traoré é sustentado, pelo menos no papel, por uma aliança poderosa com Moscovo.

Desde o golpe de 2022 que o levou ao poder, a Rússia reabriu a sua embaixada em Ouagadougou após uma ausência de 32 anos, integrou agentes ao serviço de inteligência e destacou um pequeno contingente do do “África Corps”, antigo grupo Wagner.

Na prática, porém, a parceria tem proporcionado mais espetáculo do que substância. De acordo com o ECFR, o Africa Corps — responsável pelas operações militares e pela Africa Initiative, que realiza campanhas de informação — substituiu a rede mercenária do grupo Wagner, mas manteve os seus objetivos essenciais de fortalecer regimes e moldar a narrativa.

Em Ouagadougou, treinadores russos protegem Traoré e seu círculo íntimo, enquanto propagandistas ligados ao Kremlin inundam o TikTok e o Telegram com imagens de um renascimento revolucionário, tudo para reforçar a ilusão de que o líder de 37 anos está a construir uma nova ordem soberana livre da influência ocidental.

No campo de batalha, no entanto, o abismo entre propaganda e desempenho é gritante:

Ataques a comboios do exército burquinense aumentaram;

As bases foram invadidas;

Os soldados são mal pagos e sobrecarregados;

Em maio, militantes capturaram o acampamento militar de Djibo, matando dezenas e apreendendo equipamentos.

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