Até há poucos anos, a alcunha da seleção do Benim era Os Esquilos. De há uns anos para cá, os jogadores do Benim passaram a ser As Chitas. A explicação foi simples e coerente: os esquilos nunca causaram medo a ninguém, as chitas impõem respeito a qualquer adversário. E a verdade é que, com a nova alcunha, o país africano está muito perto de alcançar um feito histórico.
A duas jornadas do fim da qualificação para o Campeonato do Mundo, o Benim depende apenas de si próprio para marcar presença no Mundial dos EUA, do Canadá e do México já em 2026. O país da África Ocidental, com fronteira com Togo, Nigéria, Burkina Faso e Níger, está atualmente na liderança do Grupo C do apuramento africano e pode mesmo ficar com um dos nove lugares de qualificação direta.
Para isso, precisa de manter o nível contra o Ruanda, já na próxima sexta-feira, e também contra a Nigéria, na terça-feira. O Benim tem atualmente quatro vitórias, dois empates e duas derrotas em oito jornadas disputadas e beneficiou de um erro inadmissível da África do Sul para chegar à liderança do Grupo C de forma administrativa.
Isto porque, em setembro e no final da última data FIFA, a África do Sul liderava o Grupo C com mais três pontos do que o Benim. Contudo, poucos dias depois dos jogos das seleções nacionais, a FIFA retirou os três pontos que os sul-africanos tinham acabado de conquistar contra o Lesoto, graças a uma vitória por 2-0, e atribuíram-lhes uma derrota por 3-0. Porquê? Teboho Mokoena, médio do Mamelodi Sundowns que foi titular pela África do Sul, estava castigado por acumulação de cartões amarelos e nunca poderia ter sido incluído na ficha de jogo.
Com a África do Sul a fazer zero pontos contra o Lesoto e apenas um contra a Nigéria, o Benim aproveitou os seis alcançados nas vitórias contra o Zimbabué e o Lesoto na mesma altura e saltou para o primeiro lugar do Grupo C: atualmente, tem os mesmos 14 pontos que os sul-africanos, mas melhor diferença de golos.
“Para ser sincero, não sei se já assimilei por completo o quão perto estamos de nos apurarmos. Vi a sanção à África do Sul e seria uma loucura não ver isto como uma grande oportunidade. Faltam-nos dois jogos e se ganharmos ambos temos muitas possibilidade de nos qualificarmos diretamente”, defendeu Andréas Hountondji, avançado que pertence aos quadros do Burnley e que está atualmente na Bundesliga emprestado ao St. Pauli.
A última convocatória do Benim contava apenas com dois jogadores que atuam no próprio país, com Andréas Hountondji a ter a companhia de Candas Fiogbé da Atalanta, David Kiki do Steaua Bucareste e Youssouf Assogba do Bordéus no lote de nomes com maior cotação. Curiosamente, dentro das convocatórias mais recentes do treinador alemão Gernot Rohr, que ocupa o cargo desde 2023, surge Dodo Dokou, médio de 21 anos que chegou este verão ao Leixões.
O maior êxito internacional do Benim aconteceu em 2019, quando conseguiu chegar aos quartos de final da CAN, sendo que nem sequer conseguiu apurar-se nas duas edições seguintes da competição, em 2021 e 2023. A confirmar-se o inédito apuramento para o Campeonato do Mundo, o Benim soma ainda mais um recorde improvável: será o país mais subdesenvolvido de sempre a marcar presença num Mundial, ocupando atualmente o 173.º lugar de um total de 193 no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU.