Em Madagáscar, o Presidente Andry Rajoelina anunciou na segunda-feira à noite, numa alocução na televisão, que todo o Governo foi demitido, inclusive o Primeiro-ministro desde 2018, Christian Ntsay. No entanto, o Presidente não se demitiu como pediam os manifestantes.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos humanos, pelo menos «22 pessoas morreram e centenas ficaram feridas pelas forças de segurança», isto durante os protestos e igualmente durante as violências e as pilhagens perpetradas por indivíduos sem ligações com as manifestações.
O Presidente malgaxe, Andry Rajoelina, num discurso televisivo de 17 minutos, começou por enviar uma mensagem de condolências às famílias das vítimas.
«Sinto-me solidário com aqueles que perderam familiares e desejo uma rápida recuperação aos feridos. Também me solidarizo com aqueles que foram roubados e perderam os seus bens».
Em seguida, o Presidente dirigiu-se aos manifestantes:
«Ouvi as vossas vozes, os vossos pedidos. E peço desculpa se membros do Governo não fizeram o trabalho que o povo esperava. […] De acordo com o artigo 54° da Constituição, decidi colocar um ponto final às funções do Primeiro-Ministro e do seu Governo. Vamos constituir um Governo que trabalhará para o povo. Por conseguinte, para aqueles que desejam servir o país longe da corrupção, que desejam o bem do povo, que possuam as competências necessárias para liderar determinados departamentos ministeriais, convido-os a candidatarem-se».
Durante a alocução, o Chefe de Estado prometeu que as empresas vítimas de vandalismo seriam apoiadas com «empréstimos com taxa zero e com subvenções do Estado».
Nas redes sociais, os manifestantes admitiram que estão «decepcionados» porque o «Presidente não pediu desculpas e não se responsabilizou pelas violências cometidas pelas forças de segurança».
Um novo apelo foi emitido pelos manifestantes para prosseguirem com os protestos, enquanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros desmentiu o balanço da ONU de 22 mortos, mas também não avançou com números.
Recorde-se que na segunda-feira, milhares de jovens malgaxes protestaram pelo terceiro dia consecutivo contra os cortes de água e de electricidade, bem como para o respeito das liberdades fundamentais.